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Copom: aumenta expectativa de alta para Selic após surpresa com inflação

Mercado espera alta de 150 pontos-base na taxa básica de juros considerando avanço do IPCA e manobra no teto de gastos

Banco Central: Copom deve adotar postura mais hawkish na visão do mercado | Foto: Adriano Machado/Reuters (Adriano Machado/Reuters)

Banco Central: Copom deve adotar postura mais hawkish na visão do mercado | Foto: Adriano Machado/Reuters (Adriano Machado/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 27 de outubro de 2021 às 08h24.

Economistas do mercado financeiro correram para recalibrar suas expectativas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), após serem surpreendidos pela inflação

O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, saiu acima do esperado, registrando a maior alta desde 1995. 

A notícia renovou as apostas de que o Banco Central deve adotar uma política monetária mais dura, elevando a taxa básica de juros, a Selic, em 1,5 ponto percentual (ou 150 pontos-base) na decisão desta quarta-feira, 27. O valor levaria a taxa de 6,25% para 7,75% ao ano.

Uma das casas que elevou sua previsão foi o Credit Suisse. Em relatório divulgado na tarde de ontem, o banco elevou sua previsão de alta de 1,25 p.p. para 1,5 p.p., citando o salto bem maior do que o esperado do IPCA-15 em outubro e o reajuste nos preços dos combustíveis pela Petrobras anunciado ontem.

"No geral, o resultado de hoje continua a mostrar dinâmicas muito desfavoráveis para a inflação, tanto quantitativamente quanto qualitativamente", afirmaram os economistas e analistas do banco.

Outra instituição que se juntou ao grupo que prevê alta de 150 pontos-base foi o Goldman Sachs. Em relatório divulgado ontem, os analistas afirmaram, inclusive, que existe uma probabilidade de 20% de um aumento ainda maior na Selic, de 175 a 200 pontos-base. No cenário mais agressivo, a Selic poderia chegar a até 8,25% na reunião de hoje. 

Vale lembrar que outros bancos e casas de análise já estavam apostando em uma postura mais hawkish favorável à alta dos juros diante da decisão do governo em reformular o teto de gastos na semana passada. O drible no teto levou o Ibovespa a encerrar a última semana com alta superior a 7%, no pior cenário desde o início da pandemia no Brasil. 

Para o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) a “deterioração significativa” do cenário fiscal brasileiro já era motivo para uma alta de 1,5 p.p. na taxa.  

“Acelerar o ritmo [de alta] parece ser a atitude apropriada diante da alteração dos fundamentos, de forma a preservar a credibilidade da gestão da política monetária”, dizem os analistas em relatório.

O UBS BB também espera mais 1,5 p.p. de juros nesta semana e também na última reunião do ano, em dezembro. Para 2022, o banco vê a Selic em 2 dígitos, fechando o ano que vem em 10,25% ao ano maior patamar desde 2017. 

Já o Itaú BBA prevê a Selic a 11,25% ao final de 2022 diante da piora do cenário doméstico. “O aumento da incerteza fiscal implica em um risco-país mais alto, maior depreciação do real, piores perspectivas para a inflação e, em última instância, uma taxa de juros neutra mais alta”, afirma o relatório do banco.

A decisão do Copom será divulgada após o fechamento do mercado.

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