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Para essa integrante do BC europeu, guerra não muda política monetária

Isabel Schnabel defende normalização da política monetária, apesar do conflito entre Rússia e Ucrânia

Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt (Ralph Orlowski/Reuters)

Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt (Ralph Orlowski/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2022 às 16h49.

Última atualização em 2 de abril de 2022 às 16h50.

A integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, defendeu neste sábado (2) a continuidade do processo de normalização da política monetária na zona do euro, iniciada em dezembro de 2021. Tal medida é necessária, conforme ela, diante dos riscos crescentes de a inflação se estabelecer acima da meta da autoridade para o médio prazo, em decorrência da guerra na Ucrânia.

"Dadas as medidas excepcionais de política monetária acomodatícia ainda em vigor e os riscos crescentes de que a inflação se estabeleça acima da nossa meta no médio prazo, continuar o processo de normalização da política que iniciamos em dezembro de 2021 continua sendo o curso de ação apropriado para a política monetária", afirmou Schnabel, durante discurso no workshop do Forum Ambrosetti, promovido pela Casa Europeia - Ambrosetti.

Segundo a dirigente, enquanto a pandemia trouxe a necessidade de ações conjuntas das políticas fiscal e monetária, a invasão russa na Ucrânia "exige uma divisão de trabalho diferente". Isso porque o conflito, de acordo com ela, orienta a demanda e a inflação para direções opostas, "em um momento em que a estabilidade de preços no médio prazo está em risco".

Schnabel pontuou que os preços mais altos de commodities e novas tensões nas cadeias de valor globais, provocadas por sanções que proíbem o comércio com a Rússia, têm elevado mais a pressão inflacionária no bloco da zona do euro, ante níveis anteriores já elevados. Segundo ela, a inflação segue sob "pressão persistente" no cenário atual.

"Enquanto isso, a demanda agregada está sofrendo com uma incerteza considerável, que vem pesando na confiança do consumidor e tornando as decisões de investimento e emprego das empresas mais arriscadas", disse ela, lembrando da dependência da zona do euro de matérias-primas russas, o que aumenta o impacto sobre os preços ao consumidor. "A política monetária tem um difícil trabalho de acomodar a queda esperada da demanda privada e controlar a inflação no médio prazo", emendou.

A dirigente do BCE ponderou ainda que os gargalos de fornecimento, exacerbados pela guerra e pelas recentes medidas de contenção da pandemia adotadas pela China, tendem a diminuir e o ritmo de aumento dos preços de energia pode desacelerar. "A rapidez com que isso acontecerá não pode ser dita com nenhum grau de confiança, mas dados anteriores à invasão eram consistentes com uma redução gradual dos prazos de entrega de fornecedores", afirmou.

De acordo com ela, a invasão da Ucrânia pela Rússia ocorre em um momento em que a economia mostra uma "ampla força subjacente" e há "grandes excessos de poupança" que fornecem proteção para parte da população europeia. O cenário de base das projeções mais recentes do corpo técnico do BCE, já incluindo uma primeira avaliação do impacto da guerra, segundo Schnabel, ainda prevê expansão da produção de 3,7% em 2022.

A dirigente afirmou que o BCE espera concluir as compras de ativos de seu programa no terceiro trimestre, desde que os dados recebidos suportem a expectativa de que as perspectivas de inflação de médio prazo não vão se enfraquecer. "Vamos aumentar as taxas de juros algum tempo depois, conforme apropriado à luz dos dados recebidos", disse. "As circunstâncias atuais exigem apoio direcionado em vez de estímulo fiscal amplo".

Schnabel comentou, ainda, que a guerra na Ucrânia mostra à Europa a necessidade de grandes investimentos públicos em infraestrutura de energia verde e defesa militar. "O aumento do investimento público compensará, pelo menos em parte, os efeitos negativos referentes à produção decorrentes da baixa confiança dos consumidores e das empresas", disse.

fonte: Estadão Conteudo

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