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Inteligência artificial, recrutamento e como lidar com a escassez de habilidades

Os resultados do estudo "Talent Acquisition at a Crossroads", conduzido pela AMS, são preocupantes

Imagem gerada por @inventormiguel pelo MidJourney (MidJourney/Reprodução)

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Miguel Fernandes
Miguel Fernandes

Chief Artificial Intelligence Officer da Exame

Publicado em 26 de abril de 2024 às 14h33.

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Como Diretor de Inteligência Artificial aqui na EXAME e fundador da Witseed, empresa especializada em tecnologias para aprendizagem comprada pela EXAME ano passado, venho acompanhando de perto as pesquisas globais sobre RH e talentos.

Os resultados do estudo "Talent Acquisition at a Crossroads", conduzido pela AMS (renomada provedora global de serviços de aquisição de talentos) e divulgados essa semana, são preocupantes. 

Segundo a pesquisa, apenas 32% dos líderes de aquisição de talentos estão envolvidos em alguma forma de planejamento estratégico da força de trabalho, 42% acreditam que sua empresa não tem nenhum plano de força de trabalho e 46% dizem que estão "correndo para se manter atualizados". E quando ocorrem demissões, muitas vezes os recrutadores são os primeiros a serem cortados, como aconteceu recentemente na Tesla.

Escassez de habilidades

Tudo isso está acontecendo em um mundo onde 58% das empresas sentem que a escassez de habilidades está impactando significativamente seus planos de negócios, mais de 3/4 acreditam que devem transformar suas práticas de talentos para crescer — e a "contratação baseada em habilidades" é uma prioridade, mas difícil de implementar.

Aqui no Brasil, enfrentamos desafios semelhantes. Li uma pesquisa recente que mostrou que os CEOs classificam a "contratação" como o terceiro processo mais burocrático em suas empresas. Eles ficaram empatados com "muitos e-mails" e "muitas reuniões" como um processo que desperdiça tempo. E isso explica por que dois terços dos líderes de aquisição de talentos estão sendo pressionados a cortar custos.

Recrutamento e estratégia

Mas cortar gastos com recrutamento é uma estratégia míope. Aqui na EXAME tenho a oportunidade de conversar com diversas empresas de vários setores, e é nítido que as organizações de alto desempenho se concentram fortemente na contratação interna, usam ferramentas de inteligência de talentos para encontrar talentos ocultos e investem no desenvolvimento interno contínuo para preencher as lacunas de habilidades.

A tecnologia tem um papel fundamental nessa reinvenção do recrutamento. Novos sistemas baseados em IA, como HiredScore (recentemente adquirido pela Workday), Paradox (líder em IA conversacional), Eightfold, Gloat, Draup e Lightcast (pioneiros em inteligência de talentos), podem reduzir o tempo de contratação de meses para semanas e de semanas para dias.

Não basta só tecnologia

Mas a tecnologia não é a resposta completa. As empresas também precisam transformar o papel dos recrutadores em "consultores de talentos", com profundo conhecimento de cargos, habilidades e da dinâmica organizacional. Empresas líderes como a Mastercard já estão nesse caminho, renomeando seus recrutadores como "Coaches de Carreira".

Meu conselho para as empresas brasileiras é claro: elevem a aquisição de talentos a uma função estratégica, integrada com treinamento, gestão de carreira e engajamento dos funcionários. Invistam em tecnologia, mas também nas habilidades dos seus recrutadores. E, acima de tudo, coloquem as pessoas no centro da sua estratégia de talentos.

É um desafio complexo, eu sei. Mas também é uma enorme oportunidade. As empresas que conseguirem reinventar a aquisição de talentos estarão muito mais bem posicionadas para atrair e reter os melhores profissionais, impulsionando a inovação e o crescimento dos seus negócios.

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