Inteligência Artificial

Empresas querem que energia nuclear alimente IA — e por que isso causa polêmica nos EUA

Movimento poderia causar aumentos no custo da energia para outros clientes e atrasar metas climáticas

Energia nuclear entrou na pauta de discussão sobre fornecimento de energia para data centers de IA (Getty Images)

Energia nuclear entrou na pauta de discussão sobre fornecimento de energia para data centers de IA (Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 2 de julho de 2024 às 10h43.

As empresas de tecnologia dos EUA estão focando suas atenções na busca por mais eletricidade num alvo específico: as centrais nucleares.

Segundo reportagem do Wall Street Journal, donos de um terço das centrais nucleares do país estão em negociações com empresas de tecnologia para fornecer eletricidade aos novos centros de dados necessários para satisfazer as exigências de um boom de inteligência artificial.

Entre eles, a Amazon Web Services está se aproximando de um acordo para eletricidade fornecida diretamente de uma usina nuclear na Costa Leste, da Constellation Energy, o conglomerado com mais usinas nucleares no país.

A Constellation Energy, possui 14 centrais nucleares nos EUA e produz mais de um quinto da energia nuclear do país, viu as suas ações subirem mais de 70% este ano.

Estados como Connecticut, Maryland, Nova Jersey e Pensilvânia já estão vivendo essa tensão entre desenvolvimento econômico, custos e metas climáticas.

No momento, porém, surgem preocupações pelos EUA em como os novos consumidores de energia - incluindo IA, indústria transformadora e transportes – podem aumentar significativamente a procura por eletricidade em regiões do país.

Os data centers movidos a energia nuclear seriam o carro-chefe de maior confiabilidade da rede com um cliente rico que deseja energia livre de carbono 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Especialistas ouvidos pelo WSJ apontam que esse movimento poderia causar aumentos no custo da energia para outros clientes e atrasar metas de reduções de emissão de gases poluentes. Mesmo que essas empresas compensassem os acordos de energia nuclear financiando mais energia renovável, especialistas dizem que o resultado provável será uma maior dependência do gás natural para substituir a energia nuclear direcionada aos data centers.

É muito cedo para saber quanta energia os data centers precisarão. As estimativas variam entre 4% da energia consumida no ano passado nos EUA e algo entre 4,6% e 9% até 2030, de acordo com o Electric Power Research Institute.

As centrais alimentadas com gás natural produzem emissões de carbono mas, ao contrário das energias renováveis, podem fornecer energia 24 horas por dia e são mais baratas e práticas de construir do que novas centrais nucleares.

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