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Ministros paraguaios põem cargos à disposição em meio a crise pela pandemia

Os ministros que compõem o Executivo paraguaio puseram seus cargos à disposição do presidente Mario Abdo Benítez neste sábado (6) para tentar acalmar a crise política provocada pela gestão da pandemia

Os ministros que compõem o Executivo paraguaio puseram seus cargos à disposição do presidente Mario Abdo Benítez neste sábado (6) para tentar acalmar a crise política provocada pela gestão da pandemia (Norberto Duarte/AFP/Getty Images)

Os ministros que compõem o Executivo paraguaio puseram seus cargos à disposição do presidente Mario Abdo Benítez neste sábado (6) para tentar acalmar a crise política provocada pela gestão da pandemia (Norberto Duarte/AFP/Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de março de 2021 às 08h41.

Última atualização em 7 de março de 2021 às 08h42.

Os ministros que compõem o Executivo paraguaio puseram seus cargos à disposição do presidente Mario Abdo Benítez neste sábado (6) para tentar acalmar a crise política provocada pela gestão da pandemia, que resultou em confrontos com a polícia na sexta-feira, informou um porta-voz.

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"O presidente escutou a cidadania. Pediu a todos os ministros de seu gabinete para pôr seus cargos à disposição. O Presidente vai anunciar mudanças", disse a jornalistas o porta-voz do governo, Manuel Brunetti.

A medida se deu horas depois de uma dura repressão a protestos contra a gestão da pandemia que deixou 21 feridos, segundo o diretor do Hospital do Trauma, Agustín Saldívar.

Milhares de pessoas se concentraram na sexta-feira na praça do Congresso de Assunção para protestar contra a falta de insumos para combater o coronavírus e pelo colapso hospitalar devido ao aumento de casos de covid.

Ao fim da noite, o presidente anunciou alterações em quatro pastas de seu gabinete "no interesse da pacificação".

Abdo anunciou mudanças nos ministérios da Saúde, da Educação, da Mulher e do Gabinete Civil, e que nas próximas horas divulgará os novos nomeados.

"Estou certo de que os homens e mulheres que forem convocados darão ênfase a fazer frente a este momento de emergência que a pátria vive", disse o presidente, que prometeu continuar avaliando mudanças.

"Que Abdo renuncie"

Com cartazes e repetindo palavras de ordem, os manifestantes pediam "Que Abdo renuncie!", acusando o presidente e seu gabinete de ser um "governo corrupto".

As mobilizações exigiram a princípio a demissão do ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, que renunciou na sexta-feira a pedido da maioria no Senado (30 de um total de 45).

Mas grupos civis convocados pelas redes sociais se reuniram em frente ao Congresso, o que resultou nos confrontos posteriores.

Alguns grupos aproveitaram os incidentes para saquear lojas e quebrar vidros de carros estacionados, entre outros atos. Os bombeiros conseguiram controlar um incêndio provocado por coquetéis molotov no prédio do Ministério da Fazenda.

Jovens não identificados também entraram e destruíram escritórios do Quartel Central da Polícia, relataram porta-vozes das forças de ordem à televisão.

"O presidente pede paz, pede calma à cidadania", expressou o porta-voz oficial, ao anunciar a renúncia do gabinete.

Abdo se reuniu na residência presidencial com seus colaboradores e simpatizantes do governista Partido Colorado, que lhe deram seu apoio.

A oposição, no entanto, analisava a possibilidade de gestar um processo de impeachment contra o chefe de Estado.

Lugo: "Exaustão da cidadania"

"Fazemos um apelo à mobilização permanente. Existe uma exaustão diante de tanta corrupção e ineficácia do Governo Nacional", afirmou o senador Fernando Lugo, líder do partido de esquerda Frente Guasú (Frente Grande).

Presidente do Paraguai de 2008 até ser deposto em um impeachment, em 2012, Lugo considerou neste sábado que "há motivos suficientes para uma destituição" de Abdo.

"O presidente não garantiu o abastecimento em tempo e forma dos recursos para a saúde", afirmou.

O ministro da Saúde paraguaio, Julio Mazzoneli (E), fala à imprensa sobre a pandemia de covid-19 ao lado do presidente Mario Abdo Benítez, em Assunção, 10 de março de 2020

"Ele mentiu para nós. Que Mario Abdo renuncie. Tem gente morrendo nos hospitais. Não temos forma de deter essa tragédia. É um crime. O Presidente jurou que a pátria o demande. Estamos fazendo isso", disse o manifestante Aldo Barrios em declarações à TV, justificando sua presença em frente ao Congresso.

Pedro Alliana, presidente do Partido Colorado, advertiu ao presidente que "hoje a cidadania exige respostas".

"Devemos escutar e apoiar as revindicações do povo e aceitar que é o momento de dar soluções", acrescentou.

As vozes contrárias ao governo se multiplicaram diante do silêncio oficial para fornecer datas para a chegada das vacinas contra a covid-19.

No entanto, sem programação prévia, o governo anunciou a chegada, neste sábado, de 20.000 vacinas Coronavac da China, doadas pelo governo do presidente chileno, Sebastián Piñera, destinadas ao pessoal de saúde na linha de frente do combate à pandemia.

O ministro paraguaio de Relações Exteriores, Euclides Acevedo, e o embaixador chileno em Assunção, Jorge Ulloa, foram pessoalmente ao aeroporto internacional "Silvio Pettirossi" para retirar as vacinas, que chegaram em um voo comercial.

O Paraguai espera a chegada, sem data prevista, de 4 milhões de doses de vacinas pelo sistema Convax da Organização Mundial da Saúde e de um milhão de doses da russa Sputnik V, para uma população de pouco mais de 7 milhões de habitantes.

Até agora, o Paraguai recebeu apenas 4.000 doses de vacinas procedentes da Rússia, destinada ao pessoal intensivista.

Até este sábado, o país registrava 165.811 casos confirmados de covid-19 e 3.278 falecidos.

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