Zema: "Gostaria muito que durante minha gestão ainda a empresa venha a ser privatizada" (Fred Magno/Folhapress)
Reuters
Publicado em 28 de abril de 2021 às 12h16.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta quarta-feira que mantém a meta de privatizar a elétrica estadual Cemig até o final de sua administração, mas sinalizou que a operação não deve envolver a venda da companhia como um todo, mas sua transformação em uma corporação privada.
"Minha visão sobre a Cemig é que ela venha a ser uma corporação e que o Estado seja um mero acionista, igual aos demais", afirmou ele, ao participar de evento da Cemig com acionistas e investidores transmitido online.
A fala de Zema, que tem mandato até o final de 2022, aponta para modelo semelhante ao proposto pelo governo federal para a Eletrobras, que também se tornaria uma corporação sem controlador definido em caso de sucesso no plano de privatização conduzido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
Ao participar do Cemig Day, Zema disse que a desestatização da empresa estadual de energia poderia ocorrer por meio de uma capitalização que diluísse a participação do governo.
"Gostaria muito que durante minha gestão ainda a empresa venha a ser privatizada. Talvez não vendida, mas que ela receba um aporte de capital e que o Estado, que sempre fez interferências indevidas na empresa, perca o controle e deixe de prejudicá-la", acrescentou ele.
Zema, um novato na política que elegeu-se governador em 2018, tem prometido desde o início de sua gestão que buscará a privatização da Cemig e de outras estatais.
Ele também tem feito duras críticas à empresa de energia mineira, que foram repetidas nesta quarta-feira.
"A principal crítica que ouço com relação a serviços públicos é 'quero energia, quero mais carga e a Cemig não me atende'. Sei que não é culpa da empresa, é culpa do contexto que foi criado nos últimos anos, onde a empresa investiu muito mais em outras áreas e outros negócios que não deram retorno e deixou de investir dentro de Minas Gerais".
Ele afirmou que a meta do governo estadual é que a empresa "volte a investir para os mineiros" e citou como exemplo a necessidade de mais recursos para eletrificação rural e o potencial do Estado para geração solar.
O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, que assumiu o cargo em janeiro de 2020, disse que o novo planejamento estratégico da companhia visa focar aportes em Minas Gerais e em seus negócios principais, o que passará por desinvestimentos.
Ele admitiu que isso significará na prática uma Cemig menos "grandiosa", embora com a possibilidade de um novo ciclo de expansão após a privatização.
"Esse modelo é ir se preparando para um cenário em que, com o Estado ainda um acionista relevante, mas sem controle, nesse modelo de corporação, a gente poderia crescer de forma sustentável e expandir um pouco o escopo de atuação", explicou.
Ele também comentou que os novos planos ainda envolvem expansão da atuação da companhia em geração, com a construção de novas usinas eólicas e solares.
"Em geração, o grosso será em Minas e em energia renovável. A gente vai sair do mundo só de hidráulica e crescer em solar e eólica.".
A Cemig possui negócios em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, além de operações de comercialização e outros ativos, incluindo uma distribuidora de gás natural canalizado.