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Exército ataca jihadistas para retomar controle no Iraque

Tropas do governo tentam retomar regiões controladas por insurgentes, liderados por jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante


	Posto de controle da polícia no centro de Tikrit, no norte do Iraque: exército buscava retomar posições
 (AFP / Mahmud Saleh)

Posto de controle da polícia no centro de Tikrit, no norte do Iraque: exército buscava retomar posições (AFP / Mahmud Saleh)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2014 às 18h20.

Bagdá - O Exército iraquiano tentava nesta sexta-feira retomar o controle da situação com ataques contra os insurgentes sunitas na cidade de Tikrit (norte), enquanto aviões não tripulados (drones) americanos carregados com mísseis sobrevoavam a capital, Bagdá, em uma missão defensiva dos Estados Unidos.

Após sua debandada nos primeiros dias da ofensiva, as tropas do governo tentam retomar as regiões controladas pelos insurgentes, liderados pelos "jihadistas" do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL).

Depois de recuperar o controle da universidade de Tikrit (160 km ao norte de Bagdá) na quinta-feira, 26 de junho, o Exército bombardeava nesta sexta posições dos insurgentes para proteger seus soldados na zona.

Os combates obrigaram familiares dos funcionários da universidade que vivem nas proximidades a fugir. A universidade está estrategicamente situada na estrada que leva à Baiji, principal refinaria de petróleo no país, e a uma base militar mais ao norte em poder dos rebeldes.

Além disso, quase dez mil pessoas já fugiram dos bombardeios nos arredores da cidade de Qaraqosh, no norte do Iraque, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Enquanto isso, o Parlamento formado após as eleições de abril se prepara para se reunir em 1º de julho e iniciar o processo político de formação de governo.

O primeiro-ministro Nuri al-Maliki já defende a necessidade de uma solução política para tirar o país da crise - em paralelo à ação militar.

Xiita criticado por marginalizar os sunitas e por monopolizar o poder, Maliki cedeu aos apelos da comunidade internacional em favor de um governo de união nacional que reúna todas as forças políticas e comunidades para frear a ofensiva lançada pelos "jihadistas" em 9 de junho.

Nesta sexta, o aiatolá Ali al-Sistani, principal autoridade religiosa xiita no Iraque, reforçou o coro pela união nacional.

Apesar da urgência, o processo político para a formação de um novo governo pode se prolongar. O novo Parlamento tem até 30 dias para eleger um presidente da República. Este terá 15 dias para encarregar o candidato do bloco parlamentar em primeiro nas eleições - ou seja, Maliki - de formar um governo em um prazo de 30 dias.

Curdos ficam em Kirkuk

De acordo com a ONG Human Rights Watch, os combatentes do EIIL cometeram execuções em massa de soldados em Tikrit, onde mataram entre 160 e 190 homens em dois setores desse antigo reduto do então presidente sunita Saddam Hussein, deposto pela invasão americana em 2003.

"As fotos e as imagens por satélite de Tikrit fornecem provas claras de um terrível crime de guerra", informa a ONG.

Desde 9 de junho, os insurgentes tomaram Mossul, segunda maior cidade do Iraque, grande parte de sua província de Nínive (norte), de Tikrit e outros setores das províncias de Saladino (norte), Diyala (leste), Kirkuk (norte) e Al-Anbar (oeste).

Diante do avanço dos insurgentes, as forças de segurança se retiraram em 12 de junho de Kirkuk, cidade multiétnica e petrolífera ao norte de Bagdá. Kirkuk acabou sendo tomada pelas forças da região autônoma do Curdistão, que assumiram o controle desse território.

O presidente do Curdistão, Massud Barzani, deu a entender nesta sexta que suas forças não cederão o controle da cidade, referindo-se à disputa que há tempos opõe o Curdistão e a administração central de Bagdá sobre Kirkuk.

A declaração foi feita após um encontro com o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague.

Esse posicionamento pode complicar a formação de um governo que reúna todas as partes, uma exigência dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais e árabes.

Kerry deixa o Iraque

No âmbito de sua missão para o Iraque, e que também o leva a outros países do Oriente Médio, o secretário de Estado americano, John Kerry, deixou a região nesta sexta-feira.

Em sua última escala, Arábia Saudita, Kerry insistiu em que os "jihadistas" são uma ameaça "para todos os países da zona", de acordo com um funcionário de seu gabinete.

Até o momento, Washington se nega a enviar tropas ao Iraque. Já foram enviados, porém, vários drones, com o alegado objetivo exclusivo de "proteger" militares e diplomatas americanos, caso seja necessário, disse uma fonte do Departamento de Estado à AFP.

A Arábia Saudita acusou Al-Maliki, abertamente, de ter levado o Iraque à beira do abismo com sua política de exclusão dos sunitas e, agora, exige a formação de um governo de entendimento nacional. O premiê iraquiano está no poder desde 2006.

O EIIL quer criar um califado islâmico entre Iraque e Síria. Sua ofensiva já ameaça países vizinhos, como Arábia Saudita e Jordânia. O grupo também luta na guerra na Síria, país vizinho do Iraque, no qual controla partes do território no leste, e reforçou sua presença em Bukamal, principal localidade da fronteira entre Iraque e Síria do lado sírio.

A ofensiva dos insurgentes já deixou centenas de mortos e centenas de milhares de deslocados e, segundo a ONU, ameaça a segurança alimentar no país.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu nesta sexta a abertura de corredores humanitários para chegar aos deslocados iraquianos.

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