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Dólar e juros reduzem em 81% o lucro das empresas no 3º tri

O fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151% - de R$ 26 bilhões para R$ 65 bilhões


	Bovespa: o fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151% - de R$ 26 bi para R$ 65 bi
 (Nacho Doce/Reuters)

Bovespa: o fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151% - de R$ 26 bi para R$ 65 bi (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 07h37.

São Paulo - A combinação entre demanda fraca, juros altos e real desvalorizado derrubou o resultado das empresas de capital aberto no terceiro trimestre de 2015.

Levantamento da empresa de informações financeiras Economática, com 218 companhias negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), mostra que o lucro líquido das empresas caiu 81% no período comparado ao terceiro trimestre de 2014, de R$ 12,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões.

O balanço não inclui Petrobras, Vale e Eletrobras, cujos resultados distorcem os números gerais do estudo. Quando incluídas essas empresas, o resultado sofre uma deterioração ainda maior: o lucro líquido de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre do ano passado vira um prejuízo de R$ 12 bilhões este ano.

Segundo o gerente de relacionamento institucional da Economática, Einar Rivero, responsável pelo levantamento, o fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151% - de R$ 26 bilhões para R$ 65 bilhões.

Nessa conta estão contabilizados os juros sobre a dívida e a variação cambial - com a cotação do dólar saindo de R$ 2,45 em setembro de 2014 para R$ 3,97 em setembro de 2015.

Com isso, a dívida bruta das 218 empresas de capital aberto subiu de R$ 549 bilhões para R$ 716 bilhões - alta de 30%. Se consideradas Vale, Petrobras e Eletrobras, a dívida sobe de R$ 991 bilhões para R$ 1,4 trilhão - crescimento de 40%.

Receitas

No lado operacional, o resultado também foi fraco. As receitas tiveram alta nominal de 12,9%, mas, descontando a inflação do período, que foi da ordem de 9%, o avanço foi pequeno.

"As empresas voltadas ao mercado doméstico tiveram uma redução mais forte do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) e do lucro por causa da redução da demanda", afirma o economista chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira.

Segundo ele, setores como siderurgia e metalurgia, por exemplo, sofreram o efeito duplo da alta do dólar e da queda na demanda doméstica e internacional.

No ambiente interno, diz ele, as áreas de construção e de automóveis estão com a demanda muito fraca, o que impacta na produção de aço.

No mercado internacional, com a China crescendo menos, há um excesso de aço no mundo, o que prejudica as exportações nacionais. Junta-se a isso o fato de o setor ter um endividamento alto - segundo a Economática, de R$ 66 bilhões.

Despesas

Outro fator negativo no balanço das empresas de capital aberto foi o aumento dos custos (15,9%), afirma o professor e coordenador de cursos da Fundação Instituto de Administração (FIA), Marcos Piellusch.

Segundo ele, com o crescimento de despesas, como combustíveis e energia elétrica, houve uma diminuição da margem Ebit das empresas, que representa o lucro antes dos juros e do Imposto de Renda.

O professor destaca ainda que o balanço do terceiro trimestre mostra uma posição mais conservadora das empresas de capital aberto. Exemplo disso é que houve um aumento de 30% no caixa das companhias, de R$ 175 bilhões para R$ 228 bilhões.

Esse aumento, no entanto, não é positivo. Pelo contrário. "Isso significa que as empresas seguraram investimentos e podem ter se endividado mais", afirma Piellusch. 

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