3I/ATLAS: dia decisivo para estudar o cometa está chegando (Филипп Романов/Wikimedia Commons)
Redação Exame
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 12h46.
No próximo 19 de dezembro, a ciência terá uma rara chance de estudar de perto um visitante de outro sistema estelar. Trata-se do 3I/ATLAS, apenas o terceiro objeto interestelar já confirmado passando pelo Sistema Solar — depois de 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019).
O cometa foi descoberto em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS, no Chile, e rapidamente chamou atenção pela trajetória hiperbólica e velocidade elevada, sinais típicos de origem fora do Sistema Solar. Agora, com a aproximação máxima prevista para o dia 19, a expectativa é alta: o cometa vai passar a cerca de 269 milhões de quilômetros da Terra — uma distância segura, mas próxima o suficiente para observações valiosas.
Com sua estrutura incomum, o 3I/ATLAS oferece uma chance rara de estudar materiais “puros” e possivelmente formados há bilhões de anos em outro sistema estelar. Observações do telescópio espacial James Webb (JWST) mostraram que sua coma — a nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo — contém altas concentrações de dióxido de carbono (CO₂), muito acima da média de cometas do nosso sistema.
Também foram identificadas outras moléculas e gelo de água, indicando uma composição rica, complexa e de possível origem primitiva.
A composição incomum e a atividade intensa do cometa, com ejeções de gás e poeira, sugerem que ele pode revelar novas pistas sobre a formação de cometas em outras estrelas. Para os cientistas, o 3I/ATLAS funciona como um “mensageiro” interestelar, trazendo informações valiosas sobre o que existe além do nosso Sol.
Com o objeto já começando a se afastar, há uma corrida global para coletar dados antes que ele desapareça da vista.
Mesmo com os avanços nas observações, muitas dúvidas permanecem: de qual sistema estelar o cometa veio? Qual a composição exata do núcleo? Como se explica sua atividade tão intensa?
O comportamento do 3I/ATLAS também gerou especulações mais ousadas — incluindo hipóteses de que poderia ser uma nave ou artefato alienígena, algo já discutido no passado com o 1I/ʻOumuamua. A maioria dos astrônomos, no entanto, reforça que o objeto se comporta como um cometa “natural”.
A data de 19 de dezembro deve marcar o auge das observações científicas sobre o 3I/ATLAS — e talvez ajudar a responder questões fundamentais sobre a origem do nosso universo e sobre a possibilidade de vida em outros sistemas solares.
Depois disso, o cometa seguirá viagem rumo ao desconhecido, deixando para trás pistas que ainda serão estudadas por anos.