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Startup brasileira usa NFTs para promover ESG e preservar áreas florestais

Preservaland desenvolve sistema para transformar áreas de Reserva Legal federal em NFTs; tokens poderão ser comprados por pessoas físicas ou empresas focadas em ESG

Startup quer transformar áreas de preservação em NFTs que podem ser negociados e usados por empresas focadas em ESG (ValterCunha/Getty Images)
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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 10 de março de 2022 às 17h52.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 18h46.

A união dos conceitos do ESG com a tecnologia blockchain, ou mais especificamente dos NFTs, deu vida a mais um projeto brasileiro que pretende usar a inovação para proteger o meio ambiente. Com meta de preservar até 5 milhões de hectares de área florestal até 2024, a Preservaland tem um plano ambicioso.

Criada nos Estados Unidos pelos brasileiros Guilherme Santana, Caio Martinelli, Santiago Thomaz, Maurício Benvenutti, Roberto Santacroce e Gustavo Hansel, a empresa cria NFTs que representam terrenos reais de áreas florestais. Esse token não fungível é colocado à venda e o seu comprador poderá monitorar a área que ele representa em imagens de satélite transmitidas em tempo real.

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A primeira área investida dessa iniciativa está localizada na Serra da Bocaina, entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e que se tornou Patrimônio Cultural e Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 2019, mas a empresa pretende estender sua atuação para outros biomas além da Mata Atlântica, inclusive em países da Europa, dos Estados Unidos e do Chile.

A Preservaland investe em áreas de florestas excedentes. Segundo o código florestal brasileiro, imóveis rurais são obrigados a destinar como Reserva Legal uma porção de sua área. A empresa firma um contrato com o proprietário de uma parte selecionada da floresta e, em seguida, é gerado um NFT adquirível, que torna a área uma Reserva Legal federal, livre de expansão agrícola e cuja preservação é garantida.

Uma vez adquirido o NFT, aquele pedaço de floresta pode ser monitorado por meio de um painel personalizado da plataforma, com base nos índices que melhor correspondem à estratégia ESG do comprador, e que rastreará várias características ambientais do pedaço de terra preservada, como a riqueza geral do bioma presente na região, quanta água limpa ela pode ajudar a produzir e potencial de captura de carbono.

A utilização de satélites sobre as áreas reservadas também permite a geração de relatórios de sustentabilidade personalizados sobre a área selecionada. Assim, é possível acompanhar o que está acontecendo com a propriedade de forma 100% online, transparente e auditável pelo Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) e verificável pelo Global Forest Watch, plataforma dinâmica online de monitoramento e alerta que possibilita pessoas em todos os lugares a melhorar a gestão de florestas, um projeto da Universidade de Maryland (EUA) em parceria com o World Resources Institute (WRI), o Google e um grupo de mais de 40 parceiros.

Os NFTs são emitidos nas redes Ethereum e Polygon e comercializados na plataforma OpenSea, onde podem ser comprados por empresas que buscam atender às suas estratégias de ESG ou também por pessoas físicas que desejam investir na venda de carbono sem processos burocráticos ou taxas de câmbio, pois é tudo feito com criptomoedas. Uma vez adquirida, a área é cadastrada como Reserva Legal no Sicar e passa a ser monitorada.

O preço dos NFTs que representam áreas de preservação variam bastante, baseado em fatores como localização do terreno e, claro, do seu tamanho. Segundo a empresa, um NFT corresponde a 1 hectare de área preservada varia entre R$ 5 mil e R$ 30 mil.

Para os proprietários de terra, que disponibilizam as áreas para venda, a Preservaland é uma oportunidade de monetização simplificada. Para definir os valores mínimos a serem pagos, a empresa utiliza um estudo da Embrapa, que define os preços médios para áreas florestais excedentes de Reserva Legal, mais uma comissão para a Preservaland. O processo de transformação da terra em uma Reserva Legal é irreversível e, portanto, os NFTs continuarão válidos para sempre, mesmo no caso da área ser negociada futuramente.

Com o aumento das preocupações relacionadas ao ESG — sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança — a tecnologia blockchain tem se mostrado uma ferramenta eficiente, permitindo a criação de modelos inovadores para promoção desses conceitos. No Brasil, além do modelo proposto pela Preservaland, o modelo mais conhecido é a tokenização de créditos de carbono, que transforma esses ativos, com o uso de blockchain, em criptoativos que podem ser negociados livremente.

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