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Perto de se tornar deflacionário, ether sobe e se aproxima de novo recorde

Aumento do interesse de grandes investidores e outros dados revelam possível choque de oferta que pode impulsionar o preço da criptomoeda

(SOPA Images/Getty Images)
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Lucas Josa

Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 19h05.

Última atualização em 3 de dezembro de 2021 às 14h31.

O ether, criptomoeda da rede Ethereum, está perto de se tornar deflacionário. Desde a ativação da proposta de melhoria 1559 (EIP-1559), bilhões de dólares em ether já foram destruídos — e o número de tokens “queimados” superou o de tokens emitidos em vários dias. Essa redução no volume de ether em circulação é o principal motivo pela alta no preço da criptomoeda, que se aproxima de um novo recorde.

Em 4 de outubro de 2021, a rede Ethereum recebeu uma das maiores atualizações de sua história. Chamada London, ela trouxe consigo, entre outras mudanças a aguardada EIP-1559, criando a possibilidade de tornar o ether um ativo deflacionário — ou seja, cuja oferta diminui ao longo do tempo.

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Desde a atualização, grandes investidores e instituições financeiras, como o J.P. Morgan e Goldman Sachs revelaram uma série de opiniões e relatórios sobre o futuro do ether. Segundo muitos deles, o ether tem um potencial de crescimento e adoção superior ao do bitcoin e a criptomoeda pode ter uma alta de até 80% ainda em 2021, levando-o a alcançar a marca de 8.000 dólares.

Entre os principais pontos levados em consideração por essas instituições, está a relevância do ether como “combustível” para diversos setores, como os mercados de NFT, jogos em blockchain e finanças descentralizadas (DeFi), já que a Ethereum é o maior blockchain de "contratos inteligentes" (ou smart contracts ) do mundo. Atualmente, aliás, 26% de todos os tokens ether em circulação estão alocados em contratos inteligentes.

Por ser amplamente utilizado dentro desses setores, que cresceram muito nos últimos meses, o número de transações efetuadas na rede Ethereum subiu de forma vertiginosa ao longo de 2021, fazendo com que a quantidade de ether destruída diariamente superasse a quantidade diária de novas criptomoedas emitidas, reforçando ainda mais a tese do ether como um ativo deflacionário.

Em 3 de setembro, o ether teve, pela primeira vez em toda a sua história, uma emissão líquida negativa. Aproximadamente dois meses depois, vivenciou a sua primeira semana com uma taxa de emissão inferior à taxa de destruição de tokens — os dados são da plataforma Watch the Burn. Com isso, houve uma diminuição na quantidade de ether disponível no mercado, que mesmo ainda não sendo tão grande, já causou um impacto positivo nos preços da criptomoeda.

Além de uma emissão líquida negativa em diversos períodos, há outro fator relevante para o futuro do preço da criptomoeda, que diz respeito à uma diminuição na intenção de venda dos tokens de ether pelos investidores.

De acordo com dados da Glassnode, a quantidade de ether disponível nas principais corretoras do mercado atingiu o seu menor valor nos últimos três anos, revelando que cada vez mais os investidores estão movimentando as suas unidades de ether para carteiras privadas, o pode causar um choque de oferta nos próximos meses. Essa possibilidade é reforçada pelo fato de que mais de 50% de todas as unidades da criptomoeda em carteiras não foram movimentadas nos últimos 12 meses.

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Número de ether em corretoras atinge seu menor valor desde 2018
Fonte: Glassnode (Glassnode/Divulgação)

Segundo especialistas, caso os mercados de NFTs, blockchain games e DeFi continue crescendo, a perspectiva é que o ether passe a ter emissão líquida mensal negativa em breve, tornando o ativo oficialmente deflacionário.

Se isso de fato acontecer, é bastante provável que o impacto no preço do criptoativo, cuja oferta é ilimitada (diferente, por exemplo, do bitcoin, que poderá ter no máximo 21 milhões de unidades em circulação), seja imediato.

Não existe garantia ou certeza de quando, ou se, isso vai acontecer, mas as métricas de uso da rede Ethereum apontam para este caminho e grandes investidores, claro, levam essa perspectiva em consideração.

Além disso, desde a sua popularização, a rede Ethereum ganhou uma série de concorrentes que podem ameaçar o seu crescimento — e, consequentemente, o caminho para o ativo se tornar deflacionário, já que isso está diretamente ligado ao uso intensivo da rede.

O crescimento de outras plataformas de contratos inteligentes, que tentam atrair os usuários da Ethereum com transações mais rápidas e baratas, como Solana, Avalanche, Cardano e Polkadot, pode, futuramente, ameaçar a hegemonia da Ethereum no setor. Isso, entretanto, ainda está um pouco longe de acontecer: juntos, esses quatro projetos somam um terço da capitalização de mercado da líder do segmento.

Analista prevê alta no curto prazo

Do ponto de vista da análise técnica, segundo o especialista no tema do BTG Pactual, Lucas Costa, quando comparado ao bitcoin, o ether apresenta uma grande bandeira de alta no gráfico semanal, reforçando ainda mais os fundamentos de uma nova alta e indicando que a criptomoeda pode ter uma nova valorização frente ao bitcoin nas próximas semanas.

Ether apresenta uma tendência de alta em relação ao bitcoin (Lucas Costa/Divulgação)

O gráfico semanal do par ETH/BTC demonstra aumento de pressão compradora nas últimas semanas. A figura formada é chamada de triângulo ascendente (fundos mais altos com topos horizontais) e demonstra acúmulo de pressão compradora, que pode levar o preço a patamares mais altos. Ressaltamos que a confirmação da figura só ocorre com o rompimento do topo anterior em 0,08240BTC e sua projeção tem alvos de movimento em 0,09375BTC (141,4% de Fibonacci) e 0,09933BTC (161,8% de Fibonacci). A reação dos vendedores, em caso de rompimento da figura, pode ocorrer em 0,08563BTC.

Atualmente, o ether é negociado a 4.550 dólares, com uma alta de 616% desde o início do ano e, com um aumento de quase 50% em seu preço desde a implementação da EIP-1559.

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