Paulo Guedes apoia moedas digitais e prevê o abandono do dinheiro físico
Para o Ministro Paulo Guedes, em breve as pessoas não usarão mais o dinheiro físico, e a adoção do Real como moeda única na América Latina, impulsionada pelo avanço do Real Digital, poderia ajudar a economia de muitas nações
Mariana Maria Silva
Publicado em 2 de março de 2022 às 14h38.
Última atualização em 3 de março de 2022 às 10h20.
Paulo Guedes, o atual Ministro da Economia, revelou acreditar que o Real deve ser a moeda oficial das nações da América Latina, assim como o euro é a moeda comum do grupo de países europeus que integram a União Europeia.
Com isso, as nações latinoamericanas teriam o Real Digital como sua CBDC, segundo a fala do Ministro em um encontro com empresários no Brazilian American Chamber of Commerce em Nova York, na última terça-feira, 1. As CBDCs são as moedas digitais emitidas por bancos centrais, com o propósito de tornar sistemas monetários de países em todo o mundo, cada vez mais digitais.
Durante seu discurso, o ministro defendeu que o continente deveria ter uma moeda única, que inclusive poderia salvar economias fragilizadas como Argentina e Venezuela. Ainda segundo ele, caso as nações já tivessem adotado um “euro latinoamericano” muitos países estariam agora em uma situação econômica melhor.
Para Paulo Guedes, em breve ninguém mais irá usar dinheiro físico e, com as inovações tecnológicas que a tecnologia blockchain trouxe à tona, fica cada vez mais latente a necessidade de uma moeda única para o bloco da América Latina.
"Daqui a quatro, cinco anos, vamos ter uma moeda digital, blockchain, ninguém usando dinheiro vivo. Como na China, todo mundo [pagando] com celulares", projeta. "Daqui a alguns anos, haverá seis ou sete moedas relevantes no mundo, e as outras vão desaparecer por irrelevância. Mesmo os cidadãos dos países que as usam vão abandoná-las", afirmou.
A implementação em fase de testes do Real Digital terá início ainda este ano. No entanto, segundo Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central, sua versão final deve ser lançada aos brasileiros somente em 2024. A espera é justificada pela necessidade de que o Pix e o Open Banking estejam mais maduros, a fim de habilitar o sistema da CBDC nacional.
Roberto Campos Neto também destacou que a proposta do Banco Central com o Real Digital é diferente da maioria das CBDCs que vem sendo anunciadas pelo mundo.
Assim, enquanto boa parte das nações visa o desenvolvimento de uma moeda digital para o varejo (pagamentos e transferências entre pessoas e instituições) o BC pretende que o Real Digital seja voltado para aplicações financeiras orientadas pelo dinheiro programável, ou seja, contratos inteligentes, finanças descentralizadas, dApps, entre outros.
Com isso o Banco Central quer utilizar o Real Digital para permitir a construção ou integração do sistema financeiro nacional com as finanças descentralizadas e com os contratos inteligentes, que são, na sua opinião, as grandes contribuições do ecossistema das criptomoedas para as finanças.
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