Ethereum tem pico de transações no sábado, 11 de março de 2023 (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 13 de março de 2023 às 19h36.
Última atualização em 13 de março de 2023 às 19h36.
A rede Ethereum, segundo maior blockchain do mundo, sofreu um pico de transações no último sábado, 11. Após o mundo tomar conhecimento de uma crise bancária nos Estados Unidos, o desenrolar da situação culminou em uma forte pressão compradora para as principais criptomoedas.
O ether, criptomoeda nativa da rede Ethereum, subiu quase 8% nas últimas 24 horas e ainda tem um volume de negociações 75% maior no mesmo período, segundo dados do CoinMarketCap. O bitcoin, a principal criptomoeda, chegou a disparar quase 18% no início desta segunda-feira, 13, ultrapassando os US$ 24 mil.
No último sábado, as taxas de transação da Ethereum, também conhecidas como taxas de Gas, tiveram um pico de US$ 16,8 milhões em um único dia, segundo dados do Glassnode. Isso significa um aumento significativo nas transações da rede, que antes geravam cerca de US$ 5,7 milhões e voltaram para este patamar no domingo, 12.
A procura pelas criptomoedas durante o final de semana se deu após a queda do Silicon Valley Bank, conhecido como o “banco das startups” nos Estados Unidos. O mercado de criptomoedas foi principalmente afetado pelo medo pois várias empresas do setor tinham laços com o banco, incluindo a Circle, emissora da criptomoeda USDC, lastreada em dólar.
“Quando observamos o sistema bancário dos EUA como um todo, temos uma grande quantidade de bancos regionais e menores. Atualmente esses bancos detém cerca de 33% dos depósitos totais e os outros 67% estão em grandes bancos, como Citi, JPMorgan e Bank of America. O principal negócio dos bancos regionais é emprestar para pessoas físicas e empresas. Com a alta de juros dos EUA nos últimos meses, o negócio de vários desses bancos acabou sendo prejudicado, impactando o seu resultado e os colocando à beira da insolvência”, explicou um relatório recente da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual.
“Logo, quando um ou mais desses bancos regionais quebram e a notícia se espalha, é natural que o medo tome conta do mercado e que haja uma corrida bancária generalizada, na qual investidores sacam dinheiro dos bancos menores para se proteger de um risco sistêmico e acabam depositando esses fundos em bancos maiores”, acrescentou Lucas Josa, analista da Mynt que assina o relatório.
No entanto, o medo e a pressão vendedora foram logo transformados em otimismo após o Federal Reserve, banco central dos EUA, realizar uma reunião extraordinária e anunciar que irá garantir que todos os depositantes do Silicon Valley Bank tenham acesso integral aos seus fundos.
A medida do Fed apresentou alívio para a crise bancária, mas pode não resolver totalmente o problema nos Estados Unidos, já que o país enfrenta a hiperinflação desde o último ano e agora pode enfrentar desafios ainda mais complexos ao precisar aumentar a taxa de juros para desaquecer a economia, ao mesmo tempo que precisa promover liquidez para os bancos.
“Quando observamos a queda do Silvergate e, posteriormente, a queda do SVB, na verdade temos as primeiras consequências indiretas de uma política monetária mais contracionista por parte do Fed. A ação do Fed garantiu a liquidez para o sistema, mas não resolveu o problema do balanço dos bancos e de toda a alavancagem que existe no sistema financeiro”, comentou Lucas Josa, da Mynt.
Por isso, as criptomoedas podem se destacar como uma alternativa ao sistema bancário tradicional.
“Diante de uma crise de confiança no sistema bancário e de liquidez uma nova injeção de liquidez no mercado, vemos os criptoativos com uma performance muito mais forte neste primeiro momento, mesmo após o receio em torno no USDC. Sendo assim, é necessário continuar acompanhando a situação dos bancos nos EUA e os próximos passos do Fed, que trarão um bom panorama de até onde a alta do mercado cripto pode chegar no curto prazo”, concluiu Josa.
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