Drex ‘com certeza não será a última peça’ de agenda de inovação, diz executivo do Banco Central
Depois do Pix e do Open Finance, Banco Central do Brasil não pretende parar inovação no Drex, a nova moeda digital brasileira
Repórter do Future of Money
Publicado em 10 de novembro de 2023 às 10h30.
O Banco Central do Brasil ganhou notoriedade em todo o mundo com o Pix e o Open Finance, e agora desenvolve o Drex. A nova moeda digital brasileira tem lançamento previsto para 2024 e “com certeza não será a última peça” da agenda de inovação da autarquia.
Em entrevista exclusiva à EXAME, João André Pereira, chefe de regulação do Banco Central, explicou como funciona para a autarquia se adaptar às novas tendências envolvendo a tecnologia e a digitalização financeira.
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Segundo ele, “o Banco Central tem um papel de tentar criar um ambiente em que o mercado consiga se desenvolver” e já está em contato com diversas empresas para o desenvolvimento do Drex em um projeto piloto. Na criação do Pix, por exemplo, o mesmo foi feito.
“Por mais que muita gente fale ‘ah, vocês são os inovadores’, não. A gente cria, de fato um mundo, um ambiente em que o mercado consiga ter alguns graus de liberdade para pensar, para bolar produtos, e serviços. E, lógico, a gente vai criar algumas condições também para proteger o cliente, para poder proteger estabilidade financeira e tudo isso”, explicou.
“Então, a grande questão é que a regulação ajuda ao mercado para que o mercado possa pensar nas soluções. É isso que a gente está fazendo. A gente está abrindo para que o mercado pense nas soluções, usando toda essa infraestrutura que está sendo criada”, acrescentou.
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Cultura brasileira é inovadora
Para além das evoluções tecnológicas envolvendo as finanças está o comportamento do brasileiro, que segundo João André Pereira, é muito inovador e abraça as novidades. Dados de uma pesquisa recente da Febraban com a Deloitte já revelaram que o Pix é um fenômeno de adoção no país, com 88,7 milhões de usuários sendo que 48% são “heavy users”, que fazem mais de 30 transações com Pix por mês.
“No Brasil a gente tem um mercado muito sofisticado, a gente tem muitos inovadores. Eu acho que é cultural do brasileiro. Depois de passar por tantos problemas, tantas crises, questões inflacionárias, tudo. A gente tem toda uma criatividade que é muito latente no mundo dos empresários. Aqui no setor financeiro não é diferente”, disse João André Pereira, chefe de regulação do BC.
“E quando a gente abre essa possibilidade, coloca a tecnologia envolvida, as coisas acontecem e tem acontecido de forma bem interessante. E tokenização, Drex, tudo isso aí vem. É uma nova fase que vai ser bem interessante”, acrescentou.
O executivo do Banco Central ainda afirmou acreditar em uma “mudança cultural” da população brasileira, principalmente depois da pandemia de coronavírus, em relação à digitalização financeira.
“A pandemia mudou muito, acelerou demais o processo de digitalização e mudou ainda mais essa questão comportamental. Então, tudo isso junto acho que fez com que o Banco Central também parasse, olhasse isso já de algum tempo e aqui e ali era muito claro. Se você olhar as agendas para trás na agenda BC e mais depois a gente, até mesmo um pouco antes, com presidente Tombini era muito claro que a gente tinha a tecnologia como um dos impulsionadores de eficiência do sistema financeiro”, comentou.
Drex não será a última peça de inovação
João André Pereira acredita que depois de tantas evoluções com o Pix e o Open Finance, o Drex não será a última peça na agenda de inovação do Banco Central e haverá mais espaço para novas ferramentas e soluções no futuro que precisarão de adaptações e novas regulações.
Não, com certeza não [vai ser a última peça]. Eu vou te falar que acho que a gente nunca vai conseguir falar que é a última do jeito que é que a tecnologia avança, a gente sempre tem novidades, a gente sempre vai ter que observar o que chega e adaptar a regulação para que a tecnologia possa ser usada”, disse.
“Então é muito certo sim, eu te falo com toda certeza do mundo. Essa é a única certeza além da morte. Essa é a crença de que não é a última regulação. Não é a última peça do quebra cabeça, mas é uma peça importante”, concluiu.
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