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Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2020 às 10h50.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 10h54.
O ano de 2019 foi intenso para o mercado de criptoativos como um todo e, apesar dos variados desafios para o setor, as DLTs e o blockchain apresentaram avanços consideráveis, bem como o bitcoin, que teve um ano bastante positivo comparado à desvalorização de 2018.
A volatilidade foi bastante alta durante praticamente todo o ano de 2019. Para muitos especialistas, a expectativa era de uma estabilização de preços que levaria o bitcoin a ser mais adotado tanto por investidores menores quanto investidores institucionais. Não foi o que aconteceu, mesmo com o aumento de investidores institucionais.
Aumento esse que bateu recordes no ano passado: no primeiro trimestre do ano passado foram realizadas 380 mil transações com o bitcoin, batendo o recorde anterior, registrado no último trimestre de 2017. Também houve avanços no uso do bitcoin como meio de pagamento.
Mas será que 2020 será um ano tão intenso quanto 2019 foi para o bitcoin? O que esperar desse começo de década para essa criptomoeda?
Primeiramente, vamos entender em detalhes o que é o halving do bitcoin.
Bom, você já sabe que o número máximo de bitcoins que podem ser minerados é de 21 milhões, de acordo com o protocolo criado por Satoshi Nakamoto em 2008. Atualmente já foram minerados aproximadamente 18,2 milhões (informações de fevereiro de 2020).
Mas por que isso é importante? Porque o protocolo do bitcoin também deixou pré-definido que sempre que 210.000 blocos da moeda são minerados (de quatro em quatro anos, mais ou menos), a remuneração dos mineradores é reduzida pela metade (halve).
Isto gera escassez no sistema. A comparação que a comunidade costuma fazer é com o ouro: ele é um metal precioso, com uma mineração cada vez mais escasso por conta do desafio de encontrar novas reservas.
A ideia é manter a inflação sob controle, com base em um protocolo pré-programado no código do bitcoin que auxilia a ditar um ritmo gradual e controlado de geração de novos bitcoins pelos mineradores.
De acordo com os cálculos dos especialistas, o próximo halving do bitcoin acontecerá em maio de 2020. A data pode variar entre 12 e 18 de maio, pois é calculada com base no tempo necessário para gerar novos blocos, que pode acelerar ou diminuir. Em média, a rede produz um bloco a cada dez minutos.
A taxa com a qual os mineradores estão adicionando novos blocos está aumentando, segundo a Binance. No último dia 10 de fevereiro o contador criado pela exchange previa o halving para dali a 91 dias (antes, portanto, de 12 de maio). Até lá, mais 13.748 blocos devem ser adicionados ao blockchain do bitcoin.
A Binance fez esse cálculo diferente de menos dias (talvez até menos do que os 91 dias previstos) porque ela usa dados coletados diretamente das informações fornecidas publicamente pelo blockchain. Com isso, eles fizeram a própria estimativa.
Para entender melhor a ideia da recompensa dos mineradores e do efeito que o halving do bitcoin causa nessa recompensa, vamos observar o funcionamento do mecanismo de recompensa da mineração de bitcoin desde o começo:
Depois do terceiro halving do bitcoin, cada novo bloco produzirá 6,25 BTCs. Essa mudança na recompensa de mineração terá um efeito importante no mercado do bitcoin para Alex Lam, co-fundador da RockX e RockMiner. Para ele, “o próximo halving do bitcoin provavelmente vai resultar em uma diminuição na rentabilidade da mineração no curto prazo.”
No início, em 2009, a recompensa era oito vezes maior: os mineradores estavam recebendo 50 BTCs por bloco. Assim, um total de 10.500.000 BTC foi gerado antes do primeiro halving de novembro de 2012.
No primeiro halving, eles passaram a receber 25 BTCs por cada bloco. Depois, em julho 2016, no segundo halving, mais uma redução, agora para 12,5 BTCs de remuneração pela mineração dos blocos.
Com base na estimativa de um novo halving a cada quatro anos, o último bitcoin será minerado depois do halving número 64, que deve acontecer em 2.140. Depois desse último bitcoin minerado, as únicas recompensas para os mineradores da rede blockchain do bitcoin serão as taxas de transação pagas pelos usuários da rede.
O halving do bitcoin vai afetar o preço da criptomoeda? Bom, essa é a grande pergunta sobre o assunto que todos costumam fazer. Os dois halvings anteriores provocaram o aumento dos preços do bitcoin – a chamada crypto bull run.
Para se ter ideia, o valor de 1 BTC aumentou 8.000% em 2012 e 2.800% em cerca de um ano e meio após o evento de 2016. Por isso, boa parte da comunidade de criptomoedas está esperando um novo aumento em para 2020, mas ninguém sabe se de fato isso vai acontecer.
Por outro lado, alguns especialistas apontam que o ecossistema do bitcoin de hoje é bem diferente do que ele era nos primeiros dois halvings. Há quatro anos, os mercados derivativos de cripto estavam em sua infância e o investimento institucional era bastante limitado.
Com essas mudanças no mercado de criptomoedas, é razoável pensar que o terceiro halving do bitcoin não terá um efeito tão intenso de aumento do preço da moeda digital como os outros dois tiveram em 2012 e 2016.
Uma das implicações da redução do bitcoin pela metade pode ser o aumento de seus preços, pois a oferta será restringida, o que deve impulsionar sua valorização. Muitos analistas de criptomoedas opinam que reduzir pela metade as recompensas é um passo positivo na direção da avaliação e precificação do bitcoin, embora projetar a magnitude do aumento no preço da moeda digital seja uma incógnita.
Thomas Lee, co-fundador da Fundstrat Global Advisors, tem uma visão bastante positiva do halving: “Os preços do bitcoin podem aumentar em até 100% no ano de 2020”. A PlanB também fez uma previsão importante para os preços: “Perto do Natal de 2021, o bitcoin deve estar acima de US$ 100.000”.
Anthony Pompliano, co-fundador da Morgan Creek Digital, também acredita nessa mesma previsão de que o bitcoin chegará a US$ 100.000 até o final de 2021, por conta de uma política monetária mais flexível dos Bancos Centrais do mundo e um efeito do halving do bitcoin.
Os céticos apontam que o preço do bitcoin vai aumentar momentaneamente com base no princípio econômico básico da oferta e da demanda, mas vai voltar a ter uma volatilidade parecida com a dos últimos anos.
Nessa oscilação, muita gente vai ganhar dinheiro e talvez ainda mais pessoas vão apostar seu dinheiro no bitcoin como investimento, mas talvez sem o conhecimento necessário para saber quando é o melhor momento para investir.
Em 28 de novembro de 2012, o dia do primeiro halving do bitcoin, o preço da criptomoeda subiu de US$ 11 para US$ 12 e continuou a subir durante o próximo ano, chegando a US$ 1.038 em 28 de novembro de 2013.
Dessa vez o preço vai aumentar da mesma forma? Para os céticos, os aumentos deste início de ano já precificaram o halving de 2020. Como falamos, o mercado de criptomoedas passou por uma transformação significativamente intensa nos últimos quatro anos, com a popularização do bitcoin e outras moedas digitais.