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Fundos de criptoativos acumulam crescimento de até 800% no Brasil em 2020

Principais gestores com fundos de investimento em criptoativos crescem vertiginosamente e reforçam amadurecimento do mercado no ano

 (imaginima/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 13h24.

Última atualização em 23 de dezembro de 2020 às 09h44.

O crescimento em 2020 não se reflete apenas no preço dos criptoativos, mas também no número de investidores e participantes deste mercado, e dados dos maiores fundos de investimento em criptoativos do país são prova disso. As três maiores gestoras com fundos cripto no Brasil — Hashdex, Vitreo e BLP — apresentaram crescimento que chegam a mais de 1.100% durante o ano.

A Hashdex, que é focada no setor, captou 483 milhões de reais até a primeira metade de dezembro em seus cinco fundos de criptoativos, e deve fechar 2020 com quase meio bilhão de reais sob sua gestão — a conta inclui o HDAIF, negociado no exterior e, sem ele, o valor total captado é 317 milhões de reais. Em dezembro de 2019 o valor captado era de pouco menos de 39 milhões de reais, o que aponta o crescimento total de 1.145% no período, ou 803% considerando apenas os fundos negociados no Brasil. O número de cotistas também cresceu vertiginosamente, passando de 318 em dezembro de 2019 para quase 16 mil atualmente.

Para Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, o crescimento é justificado também pelo recente amadurecimento do ecossistema de criptoativos: "Um fator adicional são as quedas nas taxas de juros que ocorreram não só no Brasil, mas em outros países, o que fez o investidor buscar por diversificação nos ativos", explicou.

Além do crescimento do mercado, outro fator que ajudou a impulsionar os fundos da Hashdex foi a aprovação, em setembro, do Hashdex Nasdaq Crypto Index ETF, primeiro ETF de criptoativos do mundo, desenvolvido com a Nasdaq e listado na Bolsa de Valores de Bermuda, país que possui regulamentação para os ativos digitais.

A Vitreo, fintech que possui dois fundos de criptoativos — uma para investidores qualificados e outro para o varejo —, também cresceu consideravelmente no ano. Os fundos Vitreo Cripto Metals Blend e Vitreo Criptomoedas fecham 2020, juntos, com 9.633 cotistas e patrimônio de 167 milhões de reais.

Segundo dados da Anmiba, o primeiro acumulou rentabilidade de quase 20% no ano, enquanto o segundo, de 164% — a diferença se dá porque, em cumprimento às regras da CVM, os fundos para investidores não-qualificados só podem ter no máximo 20% de exposição a ativos no exterior, enquanto o fundo para investidores qualificados pode alocar 100% do seu patrimônio nos criptoativos.

George Wachsmann, chefe de gestão da Vitreo, explicou o movimento à EXAME: "É importante citar a recuperação do bitcoin neste ano. Em meados de março, era negociado abaixo de 5 mil dólares e atualmente está cotado acima de 23 mil. Uma alta espetacular, que lembra a alta de 2017, mas quando você entende as diferenças, isso dá uma sustentação para uma expectativa muito melhor do que vem pela frente. Naquela época, a alta foi sustentada pelo varejo, enquanto agora é institucional. São muitos investidores de peso, além de muitas empresas investindo parte do seu caixa [em criptoativos]. É uma sustentação muito mais forte para essa alta".

Como os fundos de criptoativos da Vitreo foram criados em fevereiro desse ano, não há dados relativos à 2019, mas os números deixam claro o interesse de investidores pelos ativos digitais, com um crescimento considerável para um produto recém-lançado.

A BLP Asset também tem dois fundos de criptoativos, para investidores qualificados e comuns. O fundo BLP Criptoativos, para o varejo, encerra o ano com mais de 1.100 cotistas e um patrimônio superior a 10 milhões de reais. No final de 2019, eram 229 cotistas e patrimônio de 5,8 milhões de reais, um crescimento de quase 100% no ano. A rentabilidade acumulada em 2020 foi de mais de 35%. Já o BLP Crypto Assets encerra o ano com 21,2 milhões de reais de patrimônio e rentabilidade acumulada de 258% — no final de 2019, o patrimônio do fundo era de 3,3 milhões de reais, o que aponta um crescimento de quase 600% em 2020.

"Os fundos da BLP cresceram devido ao esforço de captação e educação que estamos empreendendo e também pela própria valorização expressiva dos ativos. Em 2021, esperamos um crescimento muito maior na medida em que os investidores estão aprendendo e entendo melhor sobre os ativos digitais", cometou Glauco Cavalcanti, fundador da BLP Asset.

A maior oferta de produtos de investimento em criptoativos, que possibilita a entrada de novos investidores, grandes ou pequenos, é apontada por especialistas como ponto fundamental para a consolidação deste mercado. Os números de 2020, que mostram maior adoção acompanhada de aumento nos preços dos ativos digitais, reforçam essa tese.

ATUALIZAÇÕES: (23/12, 9h13) A rentabilidade do fundo BLP Crypto Assets no ano é de 258% e não de 131,7% como dizia a reportagem. O texto foi corrigido.
(23/12, 9h44): O crescimento dos fundos brasileiros da Hashdex em 2020 foi de 803% — o número citado no título da reportagem, de 1.145%, inclui um fundo de criptoativos negociado no exterior. A informação foi corrigida.

 

 

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