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Como Miami quer ser a sede do 'movimento' pelas criptomoedas

Nesta semana, a cidade lançou sua própria criptomoeda ($MIA); Prefeito se tornou uma celebridade entre os 'techies' por sua intensa campanha para transformar Miami em um Vale do Silício tropical

 (DEA / V. GIANNELLA/Getty Images)

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GabrielJusto

Publicado em 5 de junho de 2021 às 13h56.

Última atualização em 5 de junho de 2021 às 13h56.

Miami celebra uma grande conferência sobre bitcoins em mais um exemplo de como busca se posicionar como uma meca tecnológica, inclusive promovendo um "movimento" em favor das moedas virtuais com o lançamento de sua própria criptomoeda. Com 12 mil participantes e ingressos esgotados, a Bitcoin2021 expõe desde sexta-feira serviços de mineração - mecanismo de geração de criptomoedas - e redes de câmbio, e reúne financiadores para o desenvolvimento de moedas virtuais e especialistas em cripto-impostos, entre outros.

Um dos palestrantes da conferência de dois dias foi Jack Dorsey, cofundador e CEO do Twitter e do sistema de pagamento online Square, que observou que "não há nada que torne as coisas mais fáceis para as pessoas ao redor do mundo" do que o bitcoin, pela liberdade de movimento que oferece.

"Não precisamos mais das instituições financeiras que temos hoje", disse Dorsey. "Temos algo que é próspero, sólido, de propriedade da comunidade e liderado pela comunidade", disse ele, referindo-se ao mecanismo que sustenta as criptomoedas, que não são emitidas pelos bancos centrais. Além de Dorsey, participam do evento os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, cofundadores do Facebook e referências em criptomoedas.

"Acreditamos que o bitcoin é o ouro 2.0", lançou Tyler Winklevoss. "É muito mais do que ouro. Quando chegarmos a Marte, qual será a moeda? O dólar? Não. Bitcoin", arriscou. Os gêmeos fundaram o aplicativo Gemini em 2014, onde os usuários gerenciam seu portfólio de bitcoins e outras criptomoedas. David Abner, chefe global de desenvolvimento de negócios da Gemini, disse à AFP que a moeda virtual "vai revolucionar o mercado de remessas", que é crucial na economia de muitos países do terceiro mundo.

"Você poderá transferir dinheiro dos Estados Unidos para a América Latina sem alterar drasticamente seu valor ou pagar taxas caras para isso", por exemplo. "É um processo muito mais fluido e transparente. E mais rápido", acrescentou.

Nessa mesma linha, a senadora republicana Cynthia Lummis promoveu o uso do bitcoin como uma "commodity" segura em tempos instáveis. "Se você está na Venezuela, onde a inflação é escandalosa e quer tirar sua riqueza do país, pode fazer isso por meio do bitcoin", exemplificou ela.

A conferência foi inaugurada pelo prefeito Francis Suárez, que se tornou uma celebridade entre os 'techies' por sua intensa campanha para transformar Miami em um Vale do Silício tropical.

"Temos a maior conferência de bitcoin do mundo. Sinto muito, mas não sinto tanto, Los Angeles!", brincou Suarez ao abrir o evento que costumava ocorrer na cidade californiana. Na quarta-feira, o prefeito anunciou o lançamento de uma criptomoeda de Miami ($MIA), por meio de uma startup chamada CityCoin, que planeja 'cunhar' sua segunda moeda virtual em São Francisco. "Este não é um momento. Este é um movimento", disse o prefeito ao abrir a Bitcoin2021 na sexta-feira.

Miami anunciou em fevereiro que iria explorar as transações de criptomoedas, incluindo o pagamento de impostos e salários de funcionários. A ausência de impostos estaduais, a liberdade de movimento em face da pandemia, o multiculturalismo da cidade e sua proximidade com a América Latina e a Europa atraíram "techies" do Vale do Silício e de Nova York desde o final do ano passado. Mas existem vozes de alarme. O jornal local The Miami Herald alertou em editorial sobre os riscos potenciais desse fenômeno.

"Não nos interpretem mal. Esperamos que a criptomoeda (...) eleve a cidade a uma nova prosperidade", escrevem os editores. "Mas não nos culpem por sermos cautelosos", continuam.

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