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Criador da Ethereum se justifica após criticar NFTs: “Não os odeio”

Vitalik Buterin gerou polêmica na internet após criticar os altos preços de NFTs e o comportamento de ostentação que domina o espaço atualmente

Vitalik Buterin afirmou que não odeia os NFTs, apenas gostaria que eles financiassem bens públicos (Ethan Pines—The Forbes Collection/Contour RA/Getty Images/Reprodução)
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Mariana Maria Silva

Publicado em 23 de março de 2022 às 16h25.

Última atualização em 23 de março de 2022 às 16h32.

O criador da Ethereum, rede em blockchain que abriga a maioria dos NFTs mais famosos da atualidade, veio à público na última terça-feira, 22, para esclarecer sua opinião sobre os tokens não fungíveis.

Em uma entrevista recente à revistaTime, Vitalik Buterin teceu críticas à valorização estratosférica que algumas coleções de arte digital em NFTs têm recebido. Usando como exemplo a coleção Bored Ape Yacht Club, o fundador da rede que abriga a segunda maior criptomoeda do mundo criticou o comportamento de alguns dos “novos ricos” do universo cripto.

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“O perigo é que você tem esses macacos de US$ 3 milhões e isso se torna um tipo diferente de jogo”, afirmou Buterin, acrescentando que “Definitivamente, há muitas pessoas que estão apenas comprando iates e Lamborghinis”.

Com o boom do mercado de NFTs no último ano, a ostentação de riqueza se tornou cada vez mais comum desde que celebridades, grandes empresas e marcas de luxo entraram para o setor, incentivadas pela valorização surpreendente.

-(Mynt/Divulgação)

“Em última análise, o objetivo das criptomoedas não é brincar com fotos de macacos de milhões de dólares, é fazer coisas que produzam efeitos significativos no mundo real”, disse Vitalik à Time.

Os NFTs da Bored Ape Yacht Club e suas coleções relacionadas se tornaram um dos nomes mais conhecidos no universo cripto. Saindo de um preço mínimo de aproximadamente US$ 280, agora o “Bored Ape” mais barato custa US$ 308 mil.

A coleção é composta de imagens em JPEG certificadas no blockchain que retraram macacos entediados, cujas características são definidas de modo aleatório por um algoritmo programado. Celebridades como Neymar e Justin Bieber pagaram milhões de dólares por elas, para assim poder fazer parte de um clube de benefícios que inclui eventos exclusivos, acesso ao futuro metaverso da franquia e o recebimento de milhares de dólares em tokens APE, entre outros.

Com isso, a opinião expressa pelo criador da rede que, ironicamente, abriga a coleção de NFTs, gerou polêmica nas redes sociais e irritou uma legião de fãs. Vitalik Buterin utilizou sua conta no Twitter para esclarecer o assunto e disse que “não odeia os macacos”, apenas “gostaria que eles financiassem bens públicos”.

“Não odeio os macacos. Apenas quero que eles financiem bens públicos!”, escreveu o criador da Ethereum, em resposta a Neeraj Agrawal, diretor de comunicação da Coin Center, que havia publicado: "Seja bem-vindo à comunidade dos odiadores da Bored Ape, Vitalik".

No universo das criptomoedas, os “bens públicos” aos quais Vitalik se refere são a tecnologia e infraestrutura de código aberto que podem beneficiar outras pessoas, independente de quem sejam. Por meio da Ethereum, ele é um grande apoiador dessas iniciativas, e chegou a desenvolver um conceito de financiamento que amplifica as doações, para que projetos com mais apoiadores obtenham uma parcela maior dos fundos.

Após a publicação de Vitalik Buterin, o assunto continuou repercutindo, com apoiadores da Bored Ape Yacht Club e dos NFTs argumentando que a coleção “faz a sua parte” para o bem comum. Um dos fatos citados foi a doação de US$ 1 milhão para ajudar a Ucrânia a lutar contra a invasão da Rússia.

Outro fator, desta vez citado pelo cofundador da Solana, Anatoly Yakovenko, seria a sustentabilidade dos itens digitais. “Transferir os gastos de luxo para itens digitais é um bem público. Eles não ocupam espaço vital ou emitem CO2, como coberturas e Lamborghinis”, afirmou o criador da rede que atualmente compete com a Ethereum pelo mercado de NFTs.

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