ESG

Para abandonar machismo, Victoria’s Secret desiste das famosas "angels"

Marca deve renunciar as modelos que estampam suas lingeries em resposta às pressões por novo posicionamento de mercado

Miranda Kerr, modelo da Victoria's Secret: marca deixará de lado as famosas "angels" | Foto: Getty Images (Getty Images/Getty Images)

Miranda Kerr, modelo da Victoria's Secret: marca deixará de lado as famosas "angels" | Foto: Getty Images (Getty Images/Getty Images)

A pressão por mais diversidade e pelo abandono de determinados padrões de beleza também bate à porta da Victoria's Secret, uma das principais grifes do mundo. Numa tentativa de se atualizar, a marca anunciou o fim das tradicionais "angels", modelos que desfilam e estampam produtos da marca, que darão lugar a um comitê feminino diverso.

No lugar das modelos magras, a Victoria’s Secret contratou sete mulheres para a criação de uma espécie de "comitê" de diversidade, responsável por definir as melhores estratégias de marketing, comunicação e inclusão da marca. Entre as integrantes do grupo que leva o nome de Collective, está a bicampeã mundial de futebol Megan Rapinoe, que também é lésbica e ativista dos direitos das mulheres e do grupo LGBTQIA+.

Também serão novas porta-vozes da grife a atriz indiana Priyanka Chopra Jones, a modelo transgênero brasileira Valentina Sampaio, a modelo plus size Paloma Elesser, a modelo sudanesa-australiana Adut Akech, a esquiadora e atleta olímpica Eileen Gu e a jornalista Amanda de Cadenet.

Turbulência nos negócios

A mudança é também uma tentativa de colocar uma pedra no passado um tanto quanto obscuro da empresa. A Victoria's Secret é acusada de manter, durante anos, uma cultura corporativa tóxica, misógina e pautada em comportamentos inadequados da alta liderança.

As alegações surgiram ainda no início de 2020, e foram publicadas pelo jornal americano The New York Times. A publicação também conduziu uma investigação que ouviu ex-modelos e executivas femininas da marca e documentos judiciais para chegar à conclusão de que, durante anos, a Victoria’s Secret manteve uma cultura tóxica e pautada em condutas sexuais inapropriadas, principalmente por parte do então diretor de marketing Ed Razek e Les Wexner, ex-CEO da marca e fundador do grupo L Brands, mantenedor da VS. Razek, de 71 anos, deixou a L Brands em agosto do ano passado.

O grupo, que também é dono da marca Bath & Body Works, está à beira de uma grande transição. Em maio, foi anunciada uma possível divisão de suas atividades, mostrando que, em um futuro próximo, a marca de lingerie terá atuação separada e independente.

O anúncio de cisão foi feito no último mês, e a empresa deve ser listada de maneira individual até o final deste ano.

Diante de todas as turbulências internas e separação iminente, a marca também comemora o segundo ano consecutivo sem o seu mais tradicional desfile, o Victoria’s Secret Fashion Show, que acontece desde 1995. A Victoria's Secret planeja retomar o desfile em 2022, mas de uma forma muito diferente e já respeitando os novos múltiplos padrões de beleza, segundo a empresa.

Na esteira de esforços para limpar a imagem de empresa que cultiva padrões ultrapassados de beleza, a Victoria’s Secret também contratou uma nova diretora de marketing, está adequando o tamanho de seus manequins em lojas e banindo, de uma vez por todas, as imagens das angels de banheiros e outros espaços públicos.

Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.

 

Acompanhe tudo sobre:VarejoVictoria's Secret

Mais de ESG

EUA apresenta nova meta climática antes do retorno de Trump

Rali às avessas? Ibovespa perde os 125 mil pontos, mas ‘não dá para shortear bolsa’, dizem analistas

Após enchentes, Porto Alegre já investiu quase R$ 520 milhões na reconstrução

"COP30 será vitrine para negócios de bioeconomia na Amazônia", diz fundador da Manioca