Ver Netflix faz mal ao meio ambiente? Empresa quer descobrir
Pela primeira vez, o serviço de streaming divulgou dados sobre suas emissões de poluentes
Maria Clara Dias
Publicado em 17 de março de 2021 às 16h35.
Última atualização em 17 de março de 2021 às 17h08.
Assistir a séries ou dar uma volta de carro pelo bairro, o que polui mais? Ao que parece, os dois. A Netflix revelou, pela primeira vez, seus índices de emissão de carbono na atmosfera. Os dados mostram que assistir ao serviço de streaming durante 1 hora emite cerca de 100 gramas de carbono, a mesma quantidade emitida por um carro em um trajeto de meio quilômetro.
A estimativa é da plataforma Dimpact, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, para ajudar empresas de mídia a mapear e administrar suas emissões de gases poluentes na atmosfera. Como uma espécie de calculadora, a Dimpact mostra as emissões relativas ao escopo 3 de empresas, ou seja, a poluição causada na ponta das operações — por fornecedores ou clientes.
Para confirmar as projeções da Dimpact e calcular as emissões totais da companhia, a Netflix espera a publicação de um relatório oficial da Carbon Trust, organização que ajuda empresas a acelerar a economia de baixo carbono, no final de março. Por enquanto, a ferramenta britânica traz apenas uma estimativa de emissões por tempo de uso e para cada usuário.
O impacto negativo dos serviços de streaming está ligado ao alto consumo de energia. Como em grande parte dos serviços digitais, a Netflix demanda uma grande quantidade de energia para manter a circulação de dados em escala mundial, e não apenas nos aparelhos domésticos que os assistem. A lógica é simples: quanto maior a demanda, maior a necessidade de criar novos centros de dados capazes de armazenar informações.
A projeção da Agência Internacional de Energia (IEA) é de que os servidores consomem pelo menos 1% de toda a eletricidade mundial. Viabilizar alternativas sustentáveis para esses centros é um desafio que a Netflix compartilha com outros gigantes de tecnologia, como a Amazon e a Microsoft. A solução mais viável nesse caso é a adoção de fontes renováveis.
Em seu relatório de sustentabilidade de 2019, a Netflix diz que parte de sua busca por mais eficiência é saber equilibrar energia renovável e não renovável. Para compensar a energia consumida de fontes não renováveis, a empresa compra certificados de energia renovável e compensação de carbono através do apoio financeiro a projetos de energia em países como Brasil, Chile, índia e Estados Unidos.
Com a Dimpact, a Netflix tem agora mais chances de identificar os pontos críticos de emissão para que possa redesenhar seus serviços para torná-los mais verdes. Parte disso será cumprida com a melhor escolha para a instalação de centros de dados, por exemplo.
Esse é o primeiro passo para que a empresa alcance as rivais na corrida contra as mudanças climáticas e reduza sua pegada de carbono. A Apple, dona do serviço de streaming Apple TV+, anunciou que pretende neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2030. A mesma promessa já foi feita pela Microsoft. Com os dados da Carbon Trust, a Netflix espera definir suas metas climáticas nos próximos meses.