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Relatório projeta benefícios macroeconômicos a partir de 2050 e que devem continuar crescendo até US$ 100 trilhões anuais. (Freepik)
Repórter de ESG
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 06h01.
Investir na saúde do planeta pode gerar trilhões de dólares adicionais ao PIB global, evitar milhões de mortes e tirar populações do mapa da pobreza e da fome.
É o que revela a sétima edição do maior panorama ambiental mundial da PNUMA, lançado durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Nairóbi e fruto do trabalho de 287 cientistas em 82 países.
O relatório projeta benefícios macroeconômicos a partir de 2050, que poderiam chegar a US$ 20 trilhões por ano até 2070 e continuar crescendo até US$ 100 trilhões anuais.
Para isso, dois tipos de transformação ambiental são colocadas na mesa: a primeira enfatiza mudanças comportamentais para reduzir o consumo material e um modelo econômico não linear e a segunda se baseia em um mundo dependente principalmente do desenvolvimento tecnológico e de ganhos de eficiência.
Para atingir emissões líquidas zero até 2050 e garantir financiamento adequado para a conservação e restauração da biodiversidade, é necessário um investimento anual de cerca de US$ 8 trilhões. No entanto, o custo da inação é muito mais alto.
"O panorama representa uma escolha simples para a humanidade: continuar no caminho para um futuro devastado pelas mudanças climáticas, natureza em declínio, terras degradadas e ar poluído, ou mudar de direção para garantir um planeta saudável e economias resilientes. Não se trata de escolha alguma, na verdade", disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
Por outro lado, os dados revelam o custo dos modelos de desenvolvimento atuais. Nove milhões de mortes são atribuíveis anualmente a alguma forma de poluição.
O prejuízo econômico dos danos à saúde causados apenas pela poluição do ar foi de cerca de US$ 8,1 trilhões em 2019, ou 6,1% do PIB global.
As emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,5% ao ano desde 1990, atingindo um novo pico em 2024. Já a conta dos eventos climáticos extremos dos últimos 20 anos é estimada em US$ 143 bilhões por ano.
Outro destaque alarmante é que 20% e 40% da área terrestre mundial se encontra degradada, afetando mais de três bilhões de pessoas, enquanto um milhão das cerca de oito milhões de espécies estão ameaçadas de extinção.
Sem ação, o aumento da temperatura média global provavelmente excederá os 1,5°C limites do Acordo de Paris no início da década de 2030, excederá 2,0°C na década de 2040 e continuará subindo.
Nesse caminho, a crise climática reduziria 4% do PIB global anual até 2050 e 20% até o final do século.
O relatório também identifica cinco áreas principais que precisam de transformação radical:
Economia e finanças: ir além do PIB para métricas abrangentes e inclusivas de riqueza; precificar externalidades positivas e negativas para avaliar corretamente os bens; e eliminar gradualmente e redirecionar subsídios, impostos e incentivos que resultam em impactos negativos sobre a natureza.
Materiais e resíduos: implementar o design circular de produtos, a transparência e a rastreabilidade de componentes e materiais; transferir investimentos para modelos de negócios circulares e regenerativos; e mudar os padrões de consumo para a circularidade por meio de uma mudança de comportamento.
Energia: descarbonizar a matriz energética; aumentar a eficiência energética; promover a sustentabilidade social e ambiental nas cadeias de valor de minerais críticos; e enfrentar os desafios de acesso à energia e de pobreza energética.
Sistemas alimentares: mudar para dietas saudáveis e sustentáveis; aumentar a circularidade e a eficiência da produção; e reduzir a perda e o desperdício de alimentos.
Meio ambiente: acelerar a conservação e restauração da biodiversidade e dos ecossistemas; apoiar a adaptação e resiliência climática, apoiando-se em soluções baseadas na natureza; e implementar estratégias de mitigação climática.
O relatório convoca governos, organizações não governamentais e multilaterais, o setor privado, a sociedade civil, a academia e outros atores a reconhecerem a urgência das crises ambientais globais e colaborarem na concepção da implementação de políticas, estratégias e ações integradas.
Além disso, enfatiza a necessidade de considerar diversas formas de conhecimento, especialmente o indígena e o local, visando transições justas.
"Apelo a todas as nações para que aproveitem os avanços já conquistados, invistam na saúde do planeta e conduzam suas economias rumo a um futuro próspero e sustentável", concluiu a diretora-executiva do PNUMA.