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Referência em ESG no país, Suzano teve lucro quatro vezes maior no 4º trimestre

Empresa tem práticas sólidas de ESG, ao mesmo tempo em que é uma das principais sequestradoras de carbono do Brasil

 (Lia Lubambo/Exame)

(Lia Lubambo/Exame)

A fabricante de papel e celulose Suzano anunciou nesta quarta-feira, 10, os resultados financeiros do 4º trimestre do ano passado, período que vai de outubro a dezembro. Segundo a empresa, o lucro líquido foi de 5,9 bilhões de reais, valor quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando a empresa lucrou 1,18 bilhão de reais.

Ao longo de todo o ano de 2020, a Suzano teve um aumento de 14% na sua receita líquida, totalizando 8 bilhões de reais. Segundo a empresa, o valor é resultado da alta depreciação do real frente ao dólar. O bom resultado compensou a retração de 13% nas vendas de papel e celulose durante todo o ano quando comparado às vendas de 2019, graças ao menores custos da matéria-prima.

A Suzano é uma das pioneiras na adoção da agenda ESG (sigla em inglês para a preocupação do mundo corporativo nas áreas ambiental, social e de governança) no Brasil, e o alto padrão das ações ESG da fabricante servem de espelho para o mercado, sobretudo para indústrias que, tal como a de papel, ainda dependem diretamente da exploração de recursos naturais.

As ações ambientais da Suzano estão baseadas em um plano estratégico que compreende metas de longo prazo e que devem ser atingidas até 2030. Um exemplo disso está no comprometimento da empresa em reduzir em pelo menos 15% suas emissões de CO2 e o desejo de aumentar em 50% a exportação de energias renováveis até o final da década.

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Do ponto de vista social, a Suzano mira uma maior representatividade em conselhos, reservando até 30% dos cargos de liderança para negros e mulheres nos próximos 4 anos. Além disso, a Suzano materializa os temas de educação e distribuição de renda ao se comprometer em tirar 200 mil pessoas da linha da pobreza nas suas áreas de atuação e aumentar o índice da educação básica (ideb) em 40% dos municípios onde atua.

Sequestro de carbono

A Suzano é uma das principais sequestradoras líquidas de carbono do Brasil. Na prática, isso significa que, além de investir para reduzir as emissões das operações, a empresa também é capaz de retirar da atmosfera o carbono que já foi emitido. Para isso, a empresa se vale de inúmeras áreas de reflorestamento - 1,3 milhões de hectares para ser mais exato.

Em 2019, o sequestro de carbono da Suzano totalizou 15,4 milhões de toneladas de CO2, segundo dados da empresa. Uma porcentagem mínima quando comparada às emissões declaradas no ano: 3,7 milhões de toneladas.

Recentemente, o projeto de reflorestamento da empresa foi destaque na ONU entre as iniciativas privadas que contribuem para o enfrentamento das mudanças climáticas. Segundo a empresa, o projeto, que promove a preservação e reflorestamento de habitats degradados na Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado, já resultou no plantio de 10,7 milhões de árvores.

De olho no mercado financeiro

A Suzano tem expectativas positivas em entrar para o mercado de créditos de carbono. O potencial é imenso: a empresa tem 900 mil hectares de floresta disponíveis que poderiam gerar créditos para empresas preocupadas em neutralizar suas emissões, inclusive as grandes companhias de tecnologia.

“Estamos considerando algumas possibilidades para monetizar esse carbono”, afirmou Walter Schalka, CEO da Suzano, à EXAME. Questionado se estaria em contato com alguma big tech, o executivo respondeu: “Muita gente está colocando metas ambiciosas. Temos créditos de carbono disponíveis e podemos negociar.”

Segundo a EXAME Research, braço de análises financeiras da EXAME, os créditos comercializados poderiam gerar uma receita potencial de 167 milhões ao ano para a Suzano. Esse valor representa 0,6% da receita total da empresa em 2019.

Em setembro de 2020, a Suzano fez a sua segunda emissão de green ou sustainability-linked bonds, os chamados títulos verdes, o que resultou em uma captação de 750 milhões de dólares - e também serviu para reforçar as boas práticas ESG da fabricante.  Os títulos verdes servirão para financiar projetos ambientais e sociais até 2031.

A emissão de green bonds tem se tornado cada vez mais comum entre as empresas que pretendem consolidar seu posicionamento ESG. Para a Suzano, que já havia sido pioneira na modalidade em 2016, esse é somente mais um indicativo de uma sinergia entre os esforços do presente - e futuro.

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