Businessman pointing and discussing while male and female colleagues sitting in board room during office meeting (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 09h30.
Renata Faber
Durante os últimos dois anos muito foi falado sobre diversidade nos conselhos de administração das empresas. Vários estudos mostram que companhias mais diversas tendem a ter maiores retornos, por serem capazes de atrair os melhores colaboradores, aumentar a satisfação dos clientes e fomentar a criatividade.
Enquanto a questão da diversidade de gênero ainda está avançando, os investidores começam a cobrar as empresas por um outro tipo de diversidade: conselheiros especialistas em sustentabilidade, que possam fazer essa agenda ganhar espaço nos conselhos.
“Se o conselho de administração é responsável pela cultura, valores e planejamento de longo prazo das empresas, como posso acreditar que a agenda ESG é genuína, se não tiver apoio e se não for discutida pelo conselho?”, pergunta um gestor de recursos, que tem pressionado pelo avanço desse tema nos conselhos de companhias brasileiras.
Um artigo recente da Harvard Business Review mostra dez maneiras de como o conselho de administração pode ajudar as empesas a avançar na agenda de sustentabilidade. Uma das sugestões, que já vemos ganhar espaço no Brasil, é colocar metas para os executivos que envolvam aspectos como mudanças climáticas, e atrelar sua remuneração ao atingimento dessas metas. Mas o artigo também sugere uma pesquisa para entender quais os gaps de conhecimento do conselho quando o assunto é sustentabilidade (mais especificamente mudanças climáticas), trabalhar para cobrir esses gaps e, se necessário, trazer novos nomes para compor o conselho.
Uma cadeira no conselho ocupada por um especialista em sustentabilidade não é a única opção para essa agenda avançar. Um crescente número de empresas está criando comitês de sustentabilidade, que se reportam ao conselho de administração e muitas vezes contam com membros independentes, especialistas no tema. Uma pesquisa da Spencer Stuart, realizada em 2020, mostrava que, dentre 190 empresas pesquisadas e listadas na B3, apenas 17 contavam com comitês de sustentabilidade, meio ambiente ou responsabilidade social corporativa (RSC). Mas a tendência é que esse número aumente.
“A criação de comitês de sustentabilidade é um dos meios mais efetivos de qualificar a informação que chega aos conselhos”, explica Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustentabilidade, SDG-pioneer pelo Pacto Global da ONU e membro de conselhos de administração e comitês de sustentabilidade. “Os comitês apoiam para que o conselho possa ter mais base para tomar decisões e se qualificar melhor.”
E, ao buscar um conselheiro que traz o background de sustentabilidade, outros tipos de diversidade podem também ser alcançados. Por ser um tema que cresceu muito rapidamente nos últimos anos, geralmente os especialistas em sustentabilidade não possuem o perfil de gênero, idade e cor ainda predominante nos conselhos de administração no Brasil.
Ampliar a diversidade de perfis no conselho de administração é uma tendência mundo afora, e que deve aumentar no Brasil. Alguns investidores acreditam que os principais stakeholders de uma empresa devem, de alguma forma, estar representados no conselho. Sonia Favaretto concorda, e dá um exemplo: “com a pandemia, o ‘S’ ficou cada vez mais importante, e o capital humano entrou fortemente na agenda dos conselhos. E isso pode trazer mais conselheiros com expertise em RH e pessoas.”