Summit ESG: investidores esperam por padrões para aumentar aportes nas finanças sustentáveis
Hoje, segundo especialistas, ainda há muita confusão conceitual por falta de taxonomias; Brasil deve despontar como destino de recursos
Jornalista
Publicado em 26 de junho de 2024 às 11h00.
O Summit ESG 2024 , promovido pela Exame , a maior publicação de negócios do Brasil , tem a participação de Luciana Nicola, diretora de RI e Sustentabilidade Itaú Unibanco, e Annelise Vendramini, coordenadora de pesquisa em finanças sustentáveis no Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV como debatedoras do painel "Acelerando a transição econômica com mecanismos de apoio", sob a condução de Renata Faber, diretora de ESG da Exame. O encontro faz parte da agenda do “ Mês do ESG 2024 ”.
Ainda há quem veja com desconfiança as oportunidades para as empresas nas finanças sustentáveis. Annelise, da FGV, lembra que o ponto de partida para a discussão é a definição para finanças, ou seja, quando se aplica princípios econômicos na alocação de dinheiro. Já a sustentabilidade se traduz pela busca de um futuro mais alinhado à capacidade do planeta, considerando as atuais questões sociais. Ou seja, nas finanças sustentáveis é preciso combinar a aplicação dos princípios econômicos na agenda de transição para um mundo mais sustentável, pontua a especialista.
Atualmente, há uma série de recursos que podem alinhar a expectativa das empresas em ter um negócio sustentável às formas de financiar esses planos, como os green bonds ou os social bondse mesmo um IPO que tenha como propósito custear esses projetos.
A evolução dessa trajetória tem sido consistente, aponta a executiva do Itaú Unibanco, citando dados da S&P. Em 2024, apenas com bonds (títulos) sociais ou verdes, deve-se chegar a um volume total entre R$ 45 bilhões e US$ 55 bilhões. "É muito recurso alocado, mas ainda é longe quando pensamos no quanto é necessário para a transição climática ", explica Luciana. Com mais transparência e padronização trazidas pelas taxonomias, a tendência é de crescimento desses recursos. Neste contexto, tanto as modalidades de dívida quanto de crédito podem ser indutores de projetos que caminhem para finanças mais sustentáveis.
O Brasil leva vantagem em áreas como a de energia limpa - solar, eólica -, mas não deve descuidar do fato de o país depender muitos das hidrelétricas, que devem passar por ajustes por conta das mudanças climáticas. Para Luciana, há outras fontes que deverão despontar como alternativa aos combustíveis fósseis, como o biometano, além de outras atividades produtivas, como o agronegócio. É o caso do etanol, que tem ainda uma série de evoluções em desenvolvimento e apresenta potencial de exportação.
O processo ainda vai precisar de ajustes, aponta Annelise, já que hoje "muitas línguas estão sendo faladas" pela falta de convergência até mesmo nos conceitos. Do ponto de vista dos investidores, por exemplo, hoje ainda há diferentes perspectivas sobre a abrangência do conceito ambiental. "Tem investidor que acha que ambiental é igual a clima, o que a gente sabe que não é", explica a especialista da FGV. Há uma confusão natural para um período de transição.
Summit
O Summit ESG da Exame é considerado o maior evento ESG da imprensa nacional e reúne debates que refletem a cobertura constante da Exame sobre os principais temas sociais e ambientais de interesse global.
Neste ano, serão realizados 21 painéis, organizados em oito blocos temáticos. Os temas abordados serão: Cadeias de Produção Sustentáveis, Inclusão e Empoderamento Econômico, Transição para uma Economia de Baixo Carbono, Financiando a Transição, Bioeconomia e Agro Sustentável, Soluções para a Transição Energética, Economia Circular e Adaptação e Transição Justa.
A cada semana, dois blocos serão veiculados, sempre às terças-feiras e quintas-feiras. Cadastre-se aqui para conhecer os detalhes da programação.
Além disso, em junho, a Exame publica o Melhores do ESG , principal guia de sustentabilidade do Brasil, realizado há mais de duas décadas. A premiação das empresas que mais contribuíram para o desenvolvimento sustentável do país aconteceu no dia 17 de junho, celebrando organizações que se destacam não apenas pelo lucro, mas também pelo compromisso com o desenvolvimento social e a preservação ambiental.