ESG

Por que a Renner comprou um brechó online de 300 funcionários?

Empresa anunciou a aquisição de 100% da operação da startup Repassa, de moda consciente

Fabio Faccio, CEO da Renner: compra da startup Repassa é aposta em ESG e em mercado de revenda (Renner/Divulgação)

Fabio Faccio, CEO da Renner: compra da startup Repassa é aposta em ESG e em mercado de revenda (Renner/Divulgação)

A Lojas Renner divulgou nesta quinta-feira, 15, a assinatura de um contrato para a compra do brechó online Repassa. O contrato prevê a aquisição de 100% da operação da startup, e a partir de agora depende da aprovação das condições propostas pelas duas empresas e pelos acionistas da Renner. Os valores da transação não foram divulgados.

Fundada em 2015 pelo empreendedor Tadeu Almeida, o Repassa é uma startup que já nasceu sob as premissas do ESG. Em uma plataforma online, roupas, acessórios e sapatos usados, mas em boas condições, são comercializados após uma curadoria do Repassa. A proposta é deixar o vendedor o mais livre possível de tarefas relacionadas à venda: o Repassa se encarrega de analisar, fotografar, cadastrar, vender, embalar e enviar todas as peças para o comprador. Hoje, o "brechó online" já soma mais de 500.000 cadastros, recebe cerca de 50.000 peças por mês para venda no site e tem cerca de 300 funcionários.

A única incursão dos vendedores durante a jornada está no recebimento das chamadas "Sacolas do Bem", onde devem colocar as peças e mandarem para que a empresa comece todo o processo de venda, por R$24,99.

Por que comprar o Repassa?

Em fato relevante divulgado pela Renner, a empresa disse que a aquisição é uma tentativa de afirmar o posicionamento ESG (sigla em inglês para social, ambiental e de governança) da companhia. O Repassa tem forte associação com a economia circular, com a revenda de roupas usadas e a lógica de "moda consciente".

O racional por trás da aquisição, porém, vai muito além do ESG. Com a compra do Repassa, a Renner também mira o potencial de um mercado em ascensão: o de revenda. Hoje, o mercado de revenda no Brasil é de 7 bilhões de reais, e tem curva de crescimento bem mais acelerada do que o mercado de moda tradicional", estima Fabio Faccio, diretor presidente da Lojas Renner. "Acreditamos que isso vai chegar aos 31 milhões de reais em 2025, muito impulsionado pela preocupação dos consumidores sobre o impacto ambiental da moda", diz.

Outro item na conta é a consolidação da empresa como um "ecossistema de moda e lifestyle", diz Faccio. "Quando olhamos nossa estratégia de ecossistema, a inteção é trazer mais produtos e serviços ligados à moda e lifestyle a partir de três pilares: digitalização, inovação e sustentabilidade. E o Repassa nos ajuda nestas três frentes, além de integrar um serviço que ainda não oferecíamos de maniera própria, que é o da revenda".

Segundo Guilherme Reichmann, diretor de Novos Negócios da Lojas Renner, a união de forças das duas empresas também surge como uma tentativa de priorizar a boa experiência dos consumidores. "O grande diferencial da Renner no mercado de moda está na experiência do consumidor. Nesse modelo, o Repassa é um destaque em qualidade de atendimento e serviço", diz.

Parcerias passadas

Desde novembro de 2020, a Renner e a Repassa já mantinham uma parceria. A varejista oferece em algumas lojas as Sacolas do Bem de maneira gratuita para clientes que desejam enviar peças usadas para o Repassa. A ideia era estimula ro consumo consciente, algo que a Renner pretende reforçar agora com a aquisição da empresa parceira. Essas mesmas lojas também passaram a ser pontos de coleta para as sacolas.

O saldo obtido com a comercialização dos itens pode ser usado como o usuário preferir, sendo possível comprar no Repassa, sacar o valor ou doar para uma lista de ONGs apoiadas. Segundo o site, o vendedor da peça recebe 60% do valor da venda.

“A união do Repassa com a Lojas Renner foi algo natural. Desde o início de nossa parceria, no ano passado, fomos percebendo grande sinergia nos negócios, na criação de valor para os clientes e, principalmente, no alinhamento dos propósitos e valores das companhias. Esperamos que essa união traga muito crescimento para o Repassa e que nós possamos encantar os clientes da Lojas Renner de todo o Brasil com uma moda mais consciente e circular”, disse, em nota, o fundador do Repassa, Tadeu Almeida.

Segundo Faccio, o serviço junto ao Repassa tem sido muito bem recebido desde então, e o reflexo positivo pode ser visto nas avaliações dos consumidores. O bom desempenho levou a Renner a expandir de 4 para 15 o número de lojas que recebem as Sacolas do Bem.

A jornada sustentável da Renner

Segundo Faccio, a aquisição do Repassa é mais um passo para alcançar a liderança nos quesitos moda consciente e economia circular, temas prioritários para a empresa. Desde 2011, a Renner mantém um programa próprio de logística reversa, o EcoEstilo, voltado a embalagens e frascos de itens de perfumaria e beleza que já coletou 155 toneladas de itens nos últimos dez anos. Há 1 mês, a empresa anunciou a expansão da estratégia circular também para a arquitetura de suas lojas físicas através de um projeto de loja sustentável, que será inaugurada no segundo semestre deste ano.

Em relação ao futuro, a Renner estabeleceu algumas metas ambientais para 2021. Entre elas, ter todo o algodão utilizado nas confecções sendo certificado, aumentar para 75% a participação de fontes renováveis no consumo energético, reduzir em 20% as emissões de CO2 em relação aos níveis de 2017 e ter toda cadeia nacional e internacional de fornecedores com certificação socioambiental.

O mundo mudou e as empresas precisam se adaptar. Saiba mais, assinando a EXAME.

De 1 a 5, qual sua experiência de leitura na exame?
Sendo 1 a nota mais baixa e 5 a nota mais alta.

Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.

 

Acompanhe tudo sobre:Economia CircularRennerSustentabilidade

Mais de ESG

Ela gastou US$ 30 mil para abrir um negócio na sala de casa – agora ele rende US$ 9 milhões por ano

Black Fralda dará descontos de até 70% em produtos infantis e sorteio de R$ 500 em fraldas

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Loteria dos EUA busca apostador que ganhou R$ 17 milhões e não buscou prêmio