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Plástico no oceano quadruplicará até 2040 - e reciclar não é mais solução

"Toda nossa economia global é linear e voltada ao desperdício", diz líder de iniciativa parceira de 450 instituições como Coca-Cola Company e Unilever

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 08h35.

Até 2040, o volume de plásticos no mercado dobrará, o volume anual de plásticos que entra no oceano quase triplicará (de 11 milhões de toneladas em 2016 para 29 milhões de toneladas em 2040) e a quantidade de plástico nos oceanos quadruplicará (atingindo mais de 600 milhões de toneladas) caso não sejam tomadas medidas urgentes.

É o que revela o estudo Breaking the Plastic Wave, publicado pela Pew Charitable Trusts e a SYSTEMIQ - junto com a Fundação Ellen MacArthur, Universidade de Oxford, Universidade de Leeds e Common Seas. De acordo com o estudo, sem nenhum tipo de mudança esse problema ambiental poderia causar custos anuais de 940 bilhões de dólares todos os anos.

Para a Fundação Ellen MacArthur, aumentar os esforços em reciclar o plástico já não é o suficiente para resolver o problema. Com a reciclagem, ainda vazariam 18 milhões de toneladas de plástico para os oceanos todos os anos, a um custo anual de 820 bilhões de dólares. É uma redução em relação aos 29 milhões de toneladas que seriam enviados ao mar sem nenhum tipo de mudança, mas ainda não o suficiente.

Mesmo soluções como a retirada de plásticos boiando nos oceanos não são completas, já que não recolhem os itens que afundaram e é necessário dar um novo destino para o lixo, como o descarte em aterros. "Limpar a sujeira que entra no mar não é uma solução boa do ponto de vista de custos e não dá conta do tsunami de novos materiais chegando aos oceanos", diz o líder da iniciativa Nova Economia do Plástico, Sander Defruyt. A iniciativa foi criada em 2016 pela Fundação Ellen MacArthur.

Substituir alguns tipos de plástico por alternativas mais sustentáveis - como a produção de resinas plásticas a partir de fontes renováveis, como cana-de-açúcar, milho, mandioca e batata - ainda é uma parte pequena do processo, mas tem sido cada vez mais pesquisado pela indústria. Mesmo assim, essa substituição ainda não é o suficiente. Mesmo com uso de 52% do plástico virgem em comparação com o cenário base, continuariam sendo descartados 14 milhões de toneladas de plástico nos mares todos os anos, diz a pesquisa.

Economia circular

Qual é, então, a solução? Para Defruyt, é necessário repensar todo o sistema de produção de novos materiais. "Toda nossa economia global é linear e voltada ao desperdício", diz. No lugar de uma economia linear - de retirada de matéria prima, produção e venda dos itens e posterior descarte ou reciclagem - a fundação aposta em um modelo circular, em que os itens produzidos sejam reutilizados. "Precisamos olhar para o que colocamos no mercado. Estamos tão acostumados a ver o plástico como descartável que a solução precisa começar no design de produtos", afirma o especialista.

Essa é a melhor solução para o meio ambiente: com uma mudança sistêmica, o vazamento de plástico para os oceanos seria reduzido para um sexto, cinco milhões de toneladas, com 45% do uso de plástico virgem, redução de 25% das emissões de gases estufa e custo anual de 740 bilhões de dólares por ano.

Essa mudança exige que as indústrias estejam dispostas a inovar a uma velocidade e escala sem precedentes em direção a novos modelos de negócio, design de produtos, materiais, tecnologias e sistemas de coleta. As indústrias de plástico deveriam investir 100 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento até 2040 – quadruplicando seu investimento em comparação aos níveis atuais.

Em comparação com o cenário atual, a abordagem abrangente de economia circular tem o potencial de gerar uma economia anual de 200 bilhões de dólares e criar um saldo líquido de 700.000 empregos adicionais até 2040.

Soluções em teste

A Fundação Ellen MacArthur, através da iniciativa Nova Economia do Plástico, é parceira de 450 instituições como Amcor, Borealis, The Coca-Cola Company, Danone, L’Oréal, MARS, Nestlé, PepsiCo, Unilever, Veolia e Walmart, e já participou de alguns testes de soluções para a economia circular.

Um exemplo é a startup chilena Algramo, que permite que consumidores levem seus próprios frascos para comprar refil de produtos de limpeza a partir de um pequeno caminhão que circula pelas ruas. De Santiago, no Chile, a startup chegou a Nova York, nos Estados Unidos, depois de receber um investimento da Closed Loop Partners. A Coca-Cola também atua com garrafas de vidro retornáveis em alguns mercados, oferecendo descontos na compra de uma nova garrafa de refrigerante.

"A ação individual é limitada para resolver um problema desse tamanho e o consumidor só pode escolher entre as opções que estão disponíveis. Empresas e governos precisam criar novas soluções", afirma Defruyt. Para ele, aos poucos as empresas estão se dando conta do tamanho do problema. "A questão ambiental já chamou a atenção dos consumidores e dos investidores. Se as empresas não gerenciarem esse problema, sofrem um risco à sua imagem."

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