Greenwashing: prática de "maquiar informações" sobre sustentabilidade tem se tornado cada vez mais comum entre empresas (Getty Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 10h57.
Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 09h57.
As companhias, ao redor do mundo, começaram a se preocupar com questões ambientais, ao passo que a sustentabilidade foi se tornando mais popular e um assunto cada vez mais comum entre os stakeholders — clientes, fornecedores, funcionários e a comunidade local. A temática ecológica teve melhorias primordiais e até ficou “na moda”, com isso, foram criados novos problemas a serem enfrentados. Um exemplo disso é o greenwashing.
Greenwashing (do inglês, "lavagem verde") consiste no ato de divulgação falsa sobre sustentabilidade — onde empresas afirmam que seus produtos são sustentáveis — seja usando publicidade, seja colocando informações indevidas nos rótulos.
Em outras palavras, o greenwashing significa passar uma imagem falsa de sustentabilidade por parte de uma companhia. Isso pode acontecer de várias formas: ocultando dados, dando ênfase em algum componente ou característica que pode ser considerado sustentável no lugar de produtos que não são sustentáveis, ou até mesmo usando informações inverídicas.
Um negócio pode praticar greenwashing quando divulga que está, por exemplo, reduzindo suas emissões de CO2 sem divulgar o impacto disso ou dados que comprovem a informação.
Outro ponto importante quando a empresa pensa na sua estratégia de sustentabilidade é pensar nos seus pontos materiais. Em outras palavras, quando a empresa pratica greenwashing, ela trabalha e divulga informações não materiais. Mas o que materialidade?
Segundo o Centro de Negócios Sustentáveis da Universidade de Nova York (NYU), “a materialidade é uma questão econômica, ambiental ou social sobre a qual uma empresa gera impacto ou pela qual pode ser impactada – e que influencia significativamente as avaliações e decisões das partes interessadas”.
Isso quer dizer que, apesar de todas as áreas da sigla ESG serem de extrema importância, sempre haverá uma questão que se sobressai, exigindo mais da empresa para olhar e cuidar.
Por exemplo, questões ambientais são muito mais importantes para negócios dos setores de energia e transporte, se comparados com instituições financeiras. Neste caso, para a empresa de energia, a parte do E (de environmental, do inglês, ambiental) de ESG será um aspecto mais material do que os demais. Ou seja, esse fator guiará as ações da companhia em direção a uma possibilidade mais sustentável e diversa.
Mas, por que uma empresa opta pelo greenwashing? A princípio, a prática de greenwashing pode gerar certa repercussão positiva para o negócio, mas quando é descoberta, a reputação da empresa está em jogo.
Um caso muito conhecido foi o da Volkswagen em 2015, onde a empresa teria, supostamente, falsificado os resultados da emissão de poluentes nos motores a diesel. A companhia teria burlado a inspeção de mais de 10 milhões de veículos. O presidente da Volkswagen renunciou ao cargo e a empresa assumiu que utilizou um programa para burlar as inspeções.
Outras empresas já foram responsabilizadas por praticar greenwashing, seja em relatórios ou anúncios. Como foi o caso da Ford e Chevrolet que foram acusadas de, supostamente, fazer “maquiagem ecológica” nas suas publicidades, para gerar uma imagem mais positiva e sustentável quando, na verdade, a realidade era outra.
Para identificar o greenwashing é importante se atentar a alguns pontos mas talvez os mais importantes sejam: falta de transparência e afirmações sem provas. No primeiro ponto, as empresas afirmam mas não têm transparência sobre dados ou métodos. Já no segundo deles, os negócios podem afirmar alguma característica ou a utilização de algum componente, mas sem explicar a comprovação do benefício ambiental.
De qualquer forma, com as ferramentas que temos disponíveis hoje, consumidores e investidores podem analisar a relação da prática e discurso. Ou seja, se o que a empresa tem falado faz sentido com a realidade.
Um dos pontos mais importantes é a pesquisa. Saber pesquisar ou colocar a mão na massa para fazer o trabalho extenso de juntar informações sobre as empresas que consome e, no caso de encontrar alguma incongruência, tentar fazer as perguntas difíceis. É importante que os consumidores estejam cada vez mais conscientes de suas escolhas, pois esse movimento já faz com que os negócios fiquem mais atentos com relação às suas práticas internas.