Neste café, você pode plantar o próprio tempero em um copinho descartável
O Café da Margem usará apenas itens recicláveis e orgânicos para incentivar a economia circular
Maria Clara Dias
Publicado em 12 de dezembro de 2020 às 08h00.
Já imaginou poder colher as suas próprias hortaliças em um restaurante? Se depender do Café na Margem, isso será possível. O espaço que está sendo inaugurado hoje, 12, às margens do Rio Pinheiros, em São Paulo, deseja estimular o pensamento coletivo e sustentável na população, adotando produtos totalmente recicláveis e que promovam a economia circular.
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O projeto, que já está na sua terceira unidade, é liderado pela Grape Global ESG, empresa de consultoria que atua no âmbito ambiental, social e governança, e é patrocinado pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), e pela rede de supermercados Dia, que também comercializa no Café a sua linha de produtos próprios.
Para cumprir com a promessa de ser o “café mais sustentável de São Paulo”, o espaço é construído com materiais 100% reutilizáveis, e em seu cardápio, possui apenas itens orgânicos e artesanais feitos por pequenos produtores locais. No caso dos produtos industrializados da marca Dia, o diferencial está no monitoramento e rastreabilidade de toda a cadeia de valor.
Os copos reutilizáveis feitos em fibra de bambu vêm com sementes de hortaliças, que podem ser cultivadas na horta do local para abastecer a operação do estabelecimento. Se optarem, os clientes também podem levar as sementes para realizar o plantio em casa. Os novos visitantes também podem colher as hortaliças já cultivadas por outras pessoas. “Estamos baseados na colaboração e no incentivo da coletividade para o desenvolvimento dos ecossistemas locais. E isso é só mais um exemplo disso”, diz Ricardo Assumpção, presidente da Grape Global ESG.
Além disso, o lugar terá oficinas de educação ambiental, que acontecerão aos sábados. A programação sempre será divulgada no início de cada mês. “Queremos que todos os eventos sejam focados em conscientização e sustentabilidade. Ao permitirmos que empresas patrocinem esses eventos, damos espaço para que percebam que a sustentabilidade é um catalisador de inovação e faz parte de uma estratégia ampla de valor de marca”, diz. Em janeiro, a Sabesp irá organizar no espaço uma exposição sobre os córregos paulistas, com imagens, informações e totens interativos sobre os 6 córregos da cidade.
“Este é o primeiro café a ser construído às margens do Rio em dez anos. Por muito tempo, buscou-se esconder os rios. Hoje, com projetos de despoluição e integração da população, queremos retomar essa convivência”, afirma Assumpção.
Seguindo o bom exemplo
Há quase duas décadas o governo do estado de São Paulo tem desembolsado quantias milionárias em projetos de revitalização do Rio Pinheiros. Desde 1992, foram mais de 2 bilhões de reais investidos em obras de saneamento básico na Bacia.
Uma viagem a Londres e a visita ao rio Tâmisa inspiraram o então governador João Dória a comprometer-se com a despoluição total do rio paulista até 2022 - uma das metas mais ambiciosas do seu mandato. Para isso, criou o projeto ‘Novo Rio Pinheiros’ lançado em 2019 e fruto da parceria entre a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, a Sabesp, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). O Novo Rio Pinheiros estimula empresas a apresentarem suas propostas licitatórias para obras de saneamento e despoluição do Rio.
O Tâmisa é um rio de Londres que foi considerado como “morto” ainda na década de 1950. Com um bioma extinto e condições insustentáveis de convivência, o parlamento britânico decidiu tomar providências. Atualmente, as margens do rio são áreas de convivência e lazer.
Distante ou não da realidade, o bom exemplo dos britânicos pode servir de espelho para o Brasil. O objetivo do projeto Novo Rio Pinheiros é trazer uma melhoria na qualidade de vida e do meio ambiente, além de explorar o potencial econômico da região e apostar na geração de empregos.