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Masculinidade tóxica: metade dos meninos tem dúvidas de que são amados pelo pai, aponta pesquisa

Estudo do Instituto Papo de Homem e Natura analisa efeitos do distanciamento mental dos homens na saúde mental de meninos

Além de afetar os homens adultos, distanciamento também atrapalha o desenvolvimento afetivo dos seus filhos (Shutterstock/Shutterstock)

Além de afetar os homens adultos, distanciamento também atrapalha o desenvolvimento afetivo dos seus filhos (Shutterstock/Shutterstock)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 16 de julho de 2024 às 12h48.

Metade dos meninos de 15 a 17 anos têm dúvidas de que são amados pelo pai, aponta a pesquisa “Meninos: Sonhando os homens do futuro”, do Instituto Papo de Homem e Natura, com apoio do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. O dado evidencia que embora as discussões sobre a masculinidade tóxica nos relacionamentos amorosos sejam cada vez mais comuns, o impacto dela sobre a paternidade ainda não é debatida com a urgência que se pede.

Guilherme Valadares, fundador do Instituto Papo de Homem, explica que uma parte da masculinidade que ainda resiste hoje é o fechamento e distanciamento emocional. Além de afetar os homens adultos, isso também atrapalha o desenvolvimento afetivo dos seus filhos – e as relações estabelecidas entre as duas gerações. “Os homens não são ensinados a expressar amor e sentir. Isso cria uma geração de meninos que não sabem lidar com emoções e muitas vezes recorrem a autodestruição ou a destruição externa”, conta.

O estudo ainda aponta que a percepção piora quando a raça é levada em conta: enquanto 35% dos adolescentes brancos têm dúvidas sobre o amor paterno, entre os meninos negros a taxa é de 49%.

Para José Ricardo Oliveira, coordenador de relações públicas do projeto Meninos, os dados mostram que a desumanização que vivem pessoas negras atinge também os mais novos. “Quando buscamos entender como os meninos recebem o afeto, nos deparamos com uma parcela da sociedade que não vivenciou afetos positivos. Isso nos motiva a fazer algo diferente, pensar nas dores deles, acolhê-los e mostrar como os meninos negros são dignos de afeto e acolhimento”, conta.

A falta de referências positivas da masculinidade também é um efeito entre os jovens: 60% relataram que convivem com poucos ou nenhum homem que seja uma referência positiva sobre a vivência masculina.

“Se um menino cresce vendo um pai que não sabe expressar seu afeto e seu amor, ele vai ser um adulto que não sabe reconhecer e expressar o que sente. É muito difícil ser o que a gente nao vê como exemplo. E no agravante do racismo, fechamento emocional pode ser maior ainda”, explica Valadares.

Para Marlon Nascimento, psicólogo clínico e social especializado no tratamento de homens negros e periféricos, não se sentir amado gera um impacto negativo na saúde mental de meninos, o que também pode ocasionar em mais casos de masculinidade tóxica.

“Observando essa dinâmica direcionada a meninos, que normalmente são criados com frieza e endurecimento, entendemos o quão complexo é querer que os homens do futuro sejam mais gentis e amorosos se esses meninos pouco recebem e são estimulados a amar”, explica. “Há um impacto negativo na saúde mental porque esses jovens podem ter dificuldade em distinguir amor do que é abuso, posse ou violência.”

A relação dos jovens com a beleza e o cuidado estético também foi avaliada pela pesquisa. 60% dos pais e responsáveis de meninos entre 13 e 17 anos gostariam que seus filhos tivessem mais interesse pelo cuidado estético e de beleza, como o corpo, pele e cabelo. O interesse dos meninos pelo tema está em níveis similares, sendo maior entre jovens de escola pública: 63%, versus 56% entre meninos estudantes de escolas privadas.

Claudia Pinheiro, diretora global de perfumaria da Natura, conta que essa resposta quebra o estereótipo de que o cuidado estético é uma questão exclusiva entre mulheres. “Apoiamos a pesquisa porque entender o bem-estar, autocuidado e identidade dos homens está na origem da Natura. Desde 2019 já atuamos com a Papo de Homem e vemos que as angústias ainda são muito fortes para meninos, que não se sentem amados, sem referências positivas. Buscamos formas de apoiar e conectar para gerar mudança nesse panorama”, afirma.

A pesquisa entrevistou mais de 4 mil meninos e meninas adolescentes e seus responsáveis. Além da pesquisa, a campanha acompanhará um documentário e um currículo formativo para escolas e centros esportivos.

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