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Larry Fink: estamos à beira de uma grande reconfiguração financeira

Estrela de Davos nesta terça-feira, o CEO da BlackRock afirmou em 2020 que os riscos climáticos são riscos financeiros e pediu ação dos investidores

Larry Fink, da BlackRock: “As mudanças climáticas são, invariavelmente, a maior preocupação dos nossos clientes em todo o mundo” (Alex Kraus / Bloomberg/Getty Images)

Larry Fink, da BlackRock: “As mudanças climáticas são, invariavelmente, a maior preocupação dos nossos clientes em todo o mundo” (Alex Kraus / Bloomberg/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 10h47.

Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 14h22.

Em meio ao início do Fórum de Davos, principal conferência de empresários do mundo, que neste ano ocorrerá de maneira virtual agora nesta semana e presencialmente em maio, em Singapura, vale lembrar que uma das principais estrelas de Davos neste ano, o CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, Larry Fink, conclamou investidores e empresários mundo afora em 2020 a prestarem atenção à agenda ESG se quiserem ter retornos financeiros mais sustentáveis no futuro.

Na carta divulgada no início do ano passado, Fink diz que muitos esperam, haverá uma realocação de capital provocada pelas mudanças climáticas. Fink, famoso por suas cartas conclamando por um novo capitalismo, afirmou que as mudanças no mundo dos investimentos não apenas acompanharão as mudanças climáticas, mas serão mais rápidas.

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“Risco climático é risco de investimento”, escreve Fink. “As mudanças climáticas são, invariavelmente, a maior preocupação dos nossos clientes em todo o mundo”. Segundo o CEO, os investidores querem saber como modificar seus portfólios de forma a se proteger dos impactos do clima na avaliação dos ativos. Especialmente, quando se fala de longo prazo.

As dúvidas são muitas, como escreveu Fink. “As cidades serão capazes de pagar pela infraestrutura necessárias à medida que os riscos climáticos reformulam o mercado de títulos municipais? O que vai acontecer com as hipotecas de 30 anos – um componente fundamental do mercado financeiro – se os tomadores não forem capazes de estimar o impacto do risco climático por um período tão longo? Como podemos modelar o crescimento econômico se os mercados financeiros perdem produtividade em função de calor extremo ou outros impactos climáticos?”

ESG responderá por 37% dos ativos de grandes gestores até 2025

A BlackRock estima que fatores socioambientais e de governança farão cada vez mais parte das carteiras dos investidores. Nada, nem mesmo a pandemia, será capaz de parar o tsunami ESG que tomou conta do mercado financeiro nos últimos 12 meses. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela gestora. O levantamento ouviu 425 investidores, de 27 países, que administram um total de 25 trilhões de dólares.

Mais da metade dos participantes (54%) considera que os investimentos sustentáveis são fundamentais para os resultados. Esses investidores planejam dobrar a participação dos ativos ESG em suas carteiras, o que elevará o porcentual total de 18% para 37%, em cinco anos. Apenas 3% dos participantes consideram atrasar a implementação da mudança em função da pandemia.

Na Europa, a participação dos ativos ESG na carteira será ainda maior: 47%. O velho continente é o mais adiantado nessa transição para o investimento sustentável. Mais de 80% dos investidores europeus declaram que o ESG já se tornou, ou deverá se tornar, essencial para as suas estratégias de investimento. Na Ásia, o porcentual é de 57% e nas Américas, 47%.

As cartas de Larry Fink

A BlackRock tem sido uma das grandes influências nessa onda ESG. As já notórias cartas de Larry Fink, CEO global da gestora, defendendo o capitalismo de stakeholder moldaram uma geração de investidores. “A cada carta, o Larry adiciona alguma coisa nova”, afirma Carlos Takahashi, presidente da companhia no Brasil, que participou do segundo episódio do podcast ESG de A a Z.

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De fato, Fink foi introduzindo o tema aos poucos, mas com grande eficiência. Hoje, a ideia de que as empresas existem para dar retorno a todas as partes interessadas (stakeholder), e não apenas ao acionista, é amplamente disseminada no mercado. E, a cada ano, a BlackRock traz mais uma novidade. Em 2020, por exemplo, ela anunciou o desinvestimento em alguns setores intensivos em carbono, como o carvão térmico.

O que falta para essa agenda dominar de vez o mercado são padrões. Takahashi comenta a corrida para desenvolver um conjunto de métricas universais, que permita aos investidores, grandes ou pequenos, utilizar o ESG como padrão de análise de empresas.

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