Evitar o aquecimento global custa menos que consertar danos, diz pesquisa
Pesquisa global com mais de 730 economistas mostra urgência por novas medidas e impactos econômicos globais das mudanças do clima
Maria Clara Dias
Publicado em 30 de março de 2021 às 13h08.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 15h30.
Combater as mudanças climáticas sairá muito mais barato do que lidar com suas consequências. No longo prazo, os danos econômicos do aquecimento global chegarão a 1,7 trilhão de dólares por ano até 2025 e, após isso, cerca de 30 trilhões de dólares anualmente até 2075. As projeções são de uma pesquisa global conduzida pelo Instituto de Integridade Política da escola de direito da Universidade de Nova York.
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Participaram ao todo 738 economistas com experiência em mudanças climáticas e que publicaram pelo menos um artigo sobre o tema em alguma importante publicação de economia. Foram feitas perguntas sobre os riscos das mudanças climáticas, estimativas de danos econômicos e perspectivas de redução de emissões.
A pesquisa mostra que 74% dos economistas vêem a ação "imediata e drástica" como necessária para evitar que as alterações do clima causem prejuízos crescentes ano a ano, um acréscimo de 24% em relação à resposta da versão de 2015 do relatório.
O relatório também mostra que há um consenso de que os custos das alterações climáticas pesarão mais no bolso dos países do que a implementação de políticas e tecnologias de neutralização de emissões. Mais da metade (66%) dos entrevistados concorda que alcançar emissões líquidas zero até 2050 superaria os custos para o desenvolvimento de projetos de energia limpa.
Parte dessa disparidade de custos se deve ao barateamento de tecnologias como as de fontes solares e eólicas. Essa afirmação por si só seria capaz de justificar a necessidade de “esforços econômicos agressivos para redução de emissões, em linha com as metas do Acordo de Paris”, dizem os autores.
“Há um claro consenso entre esses especialistas de que o statu quo parece muito mais caro do que uma grande transição energética”, disse Derek Sylvan, diretor de estratégia do Instituto e coautor da pesquisa.
Desigualdade econômica
A grande maioria (89%) dos respondentes também afirmou que, se nada for feito, o aquecimento global será capaz de atenuar ainda mais a desigualdade de renda no mundo, especialmente entre países ricos e pobres. Com menos recursos financeiros para lidar com os efeitos das mudanças climáticas, os países pobres podem ficar para trás, estar mais expostos aos riscos ambientais e com danos econômicos irreversíveis
70% dos entrevistados também acharam que a desigualdade nacional entre diferentes classes sociais também vai piorar à medida que o mundo aquecer.