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Emissão de gases de efeito estufa batem novo recorde, alerta ONU

A Organização Meteorológica Mundial apontou que os níveis de CO2 aumentaram 11,4% nas últimas duas décadas e o cenário “condena o planeta a muitos anos de aumento das temperaturas”

O CO2 contribui cerca de 64% para o aquecimento global e provém principalmente da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento (Chris Conway/Getty Images)
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 28 de outubro de 2024 às 11h03.

Última atualização em 28 de outubro de 2024 às 11h04.

A concentração de gases de efeito estufa voltou a bater todos os recordes em 2023, e nas últimas duas décadas os níveis de dióxido de carbono (CO2), o principal deles, aumentaram 11,4%, apontou um novo relatório publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta segunda-feira (28). Segundo a ONU, isto “condena o planeta a muitos anos de aumento das temperaturas”.

De acordo com o relatório anual sobre a concentração destes gases, que a agência da ONU publica duas semanas antes do início da COP29 em Baku, foram atingidos no ano passado níveis de dióxido de carbono de 420 partes por milhão, o que representa um aumento de 151% em relação à era pré-industrial (antes de 1750).

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Além disso, foram medidas 1.934 partes por bilhão de metano e 336,9 partes por bilhão de óxido nitroso, os outros dois gases causadores do aquecimento global, com níveis que representam aumentos em comparação com a era pré-industrial de 265% e 125%, respectivamente.

"Mais um ano, outro recorde. Isto deveria disparar todos os alarmes entre os tomadores de decisão, não há dúvida de que estamos muito longe de cumprir o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 graus em relação ao pré- níveis industriais", enfatizou a secretária-geral da OMM, a argentina Celeste Saulo, ao apresentar os dados.

O dióxido de carbono, que se estima contribuir com 64% para o aquecimento global e provém principalmente da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento, aumentou em 2023 para 2,3 partes por milhão em comparação com 2022, um valor superior ao do ano anterior, embora inferior aos três anos anteriores.

Sétimo ano com mais emissões por incêndios desde 2003

Este aumento foi influenciado pela transição do fenómeno La Niña para El Niño (este último ligado ao aumento das temperaturas no Oceano Pacífico) e pela desastrosa época de incêndios, cujas emissões de CO2 foram 16% superiores à média dos anos anteriores, com grandes incêndios florestais em países como o Canadá ou a Austrália.

Já o metano e o óxido nitroso, gerados por causas naturais e também antropogênicas -- como a agricultura, a pecuária ou a queima de biomassa -- registraram aumentos de concentração mais baixos do que em 2022, de acordo com o relatório da OMM.

A última vez que se registou na Terra uma concentração de dióxido de carbono comparável a atual foi entre três e cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura estava entre 2 e 3 graus mais quente e o nível do mar entre 10 e 20 centímetros mais alto.

A agência meteorológica da ONU alerta que mesmo que as emissões fossem reduzidas rapidamente para atingir um nível líquido zero, seriam necessárias décadas para reduzir os atuais níveis de temperatura.

Um fenômeno que pode acelerar

A OMM alerta também para o risco de o aumento das concentrações dos gases causadores do aquecimento global se tornar cada vez mais intenso.

“Os incêndios florestais poderiam libertar mais emissões de carbono para a atmosfera, enquanto o aumento da temperatura dos oceanos poderia reduzir a sua capacidade de absorção de CO2, podendo se acumular na atmosfera e acelerar o aquecimento global”, observou o secretário-geral adjunto da OMM, Ko Barrett.

O que a ciência sabe é que pouco menos de metade das emissões de dióxido de carbono permanecem na atmosfera, o oceano absorve aproximadamente 25%e os ecossistemas terrestres cerca de 30% -- embora estas percentagens variem devido a fenómenos como La Niña ou El Niño.

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