Em um mês, BRF contrata 200 refugiados; entenda processo de inclusão
Atualmente, aproximadamente 5 mil estrangeiros, em sua maioria haitianos e venezuelanos, mas também senegaleses e angolanos, atuam em mais de 20 unidades da BRF em diversas regiões do Brasil
Marina Filippe
Publicado em 5 de setembro de 2022 às 10h29.
Última atualização em 6 de setembro de 2022 às 11h34.
A fabricante de alimentos BRF contratou cerca de 200 refugiados venezuelanos no último mês para trabalharem em suas unidades de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, no estado do Mato Grosso. Os candidatos foram entrevistados e selecionados durante visita de representantes da empresa à Operação Acolhida – força tarefa logística e humanitária coordenada pelo Exército Brasileiro com o objetivo de apoiar a organização das atividades necessárias ao acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, decorrente do fluxo migratório de venezuelanos no estado de Roraima.
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Os funcionários e suas famílias devem viajar para seus novos lares a partir de 09 de setembro. Além da remuneração e benefícios correspondentes ao novo cargo, os 143 funcionários que irão para a unidade de Nova Mutum receberão abrigo e alimentação para eles e seus dependentes por até 40 dias para que tenham tempo de encontrar moradia na região. Já os 43 novos funcionários com destino a Lucas do Rio Verde receberão casas no Prohab (conjunto de casas populares construídas e alugadas pela BRF para seus funcionários).
Para a inclusão efetiva dos funcionários, a BRF conta com um projeto de escuta ativa para refugiados. "Por meio de conversas periódicas, nós escutamos os pontos mais relevantes para essa população, sempre conduzidas pelo RH e por um intérprete, quando necessário.As informações obtidas passam por análise local e corporativa para estruturação e implantação de planos de ação conectados às estratégias da Companhia para o tema", diz Thiago Pereira, diretor de Processos Globais de RH e Diversidade da BRF.
A Companhia ainda organiza campanhas para a arrecadação de roupas, calçados, brinquedos e alimentos para os refugiados e firma parcerias com os órgãos públicos para facilitar a integração com a comunidade local. A obtenção de vagas em creches e escolas da região é um exemplo das ações que estão sendo realizadas pela BRF. Ao todo, 230 pessoas serão beneficiadas nesse processo, entre funcionários e dependentes.
“Desde 2012, a inclusão de migrantes e refugiados em nosso quadro de funcionários é uma realidade. Atualmente, aproximadamente 5 mil estrangeiros, em sua maioria haitianos e venezuelanos, mas também senegaleses e angolanos, atuam em mais de 20 unidades nossas em diversas regiões do Brasil”, afirma Pereira.
Segundo o executivo, os resultados da integração já são notados, como a promoção de refugiados para outras áreas. Além disso, todo refugiado que ingressa na BRF passa por treinamentos e ganha um padrinho ou uma madrinha que auxilia na prática operacional diária.
"Nós ainda disponibilizamos equipes que ficam responsáveis pelo apoio aos refugiados enquanto estão hospedados nos hotéis e na busca de imóveis para alugar, no caso de Nova Mutum, e no acolhimento das famílias nas casas do Prohab, no caso de Lucas do Rio Verde. São entregues para eles roupas, calçados e brinquedos recolhidos via campanhas e as mães ainda têm ajuda para matricular seus filhos nas escolas. Essas iniciativas foram criadas em unidades da BRF do Sul, como Videira, Capinzal, Campos Novos e Concórdia, e atualmente são referências para as unidades de outras regiões do Brasil", diz.
Recentemente, a BRF se tornou empresa mobilizadora do Fórum Empresas com Refugiados, iniciativa da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e Rede Brasil do Pacto Global que visa promover a troca de experiências entre empresas, ações de capacitação para a contratação dos profissionais e compartilhamento de boas práticas na inclusão em ambientes de trabalho e na sociedade.
No último dia 24, aconteceu, em São Paulo, o 1º Encontro Anual do Fórum de Empresas com Refugiados, em que a BRF participou apresentando sua prática de contratação com esse público em um painel e conduziu um treinamento sobre práticas inclusivas para refugiados e migrantes. As ações fazem parte da agenda de diversidade e inclusão da BRF.