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Eles não vêm. Quem são os grandes líderes fora da COP29?

Ausência do primeiro escalão, sobretudo europeu, levanta questões sobre o nível de comprometimentos das nações com as emergências climáticas e pode impactar os esperados acordos de financiamento

COP29, no Azerbaijão: embora mais de cem chefes de estado tenham confirmado presença, cúpula terá ausências importates como a de Emmanuel Macron e Ursula von der Leyen (Leandro Fonseca/Exame)

COP29, no Azerbaijão: embora mais de cem chefes de estado tenham confirmado presença, cúpula terá ausências importates como a de Emmanuel Macron e Ursula von der Leyen (Leandro Fonseca/Exame)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 11 de novembro de 2024 às 17h48.

Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 04h24.

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*De Baku

Fontes da ONU afirmam que mais de 100 chefes de Estado e de Governo confirmaram presença na COP29, em Baku, no Azerbaijão. Mas ainda será preciso muito esforço para avalizar a relevância desta edição da cúpula, que muitas das lideranças mais importantes na atualidade riscaram da agenda.

Com a proximidade das eleições americanas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que já não compareceu à edição anterior, em Dubai, foi das primeiras grandes baixas. Antes mesmo de Donald Trump ser eleito, os EUA já havia anunciado que sua delegação seria chefiada por John Podesta, atual conselheiro sênior do presidente para política climática internacional.

Dias antes, foi o presidente Luis Inácio Lula da Silva quem cancelou a visita a Baku após sofrer um acidente doméstico, mesmo considerando o especial interesse nas negociações, já que o Brasil sediará a COP30 em Belém no próximo ano. Mas o bonde dos ausentes foi puxado mesmo pela Europa.

Representação europeia terá perfil mais técnico

Segundo a Comissão Europeia, mais de 80% dos habitats naturais europeus estão em condições críticas. No entanto, Ursula Von der Leven, presidente da instituição, não comparecerá. A belga alegou estar focada em seus compromissos institucionais nesta fase de transição para seu segundo mandato, que se inicia em 1º de dezembro. E para representar a comissão foram escalados o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o responsável pela política climática, Wopke Hoekstra, e o comissário da Energia, Kadri Simson.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ausente da COP para focar no segundo mandato. (Leandro Fonseca/Exame)

Também a França, onde a vitória de Marine Le Pen e o avanço da extrema-direita no parlamento europeu têm tirado o sono de ambientalistas, não será representada por sua principal liderança, o presidente francês Emmanuel Macron. A decisão de enviar para a COP Agnès Pannier-Runacher, ministra da Transição Ecológica do país, foi atribuída ao fato de o evento ser realizado no Azerbaijão. A relação entre os dois países está estremecida desde o ano passado, quando Paris condenou a ofensiva militar azerbaijana contra separatistas armênios, na região de Karabakh.

O chanceler alemão Olaf Scholz havia planejado participar das negociações sobre o clima numa passagem rápida, chegando na segunda, primeiro dia da cúpula, e partindo no dia seguinte. Reconsiderou, porém, após o colapso político que resultou na ruptura de sua coalizão governamental - e no cancelamento da viagem a Baku.

Em recuperação de um câncer descoberto em fevereiro de 2024, o Rei Charles III, que historicamente faz questão de comparecer em conferências anteriores e foi um dos primeiros a discursar na abertura da COP26, em Glasgow, ficará de fora desta vez. Seguindo os países vizinhos, também o Reino Unido terá um representante mais técnico, Ed Miliband, secretário de energia e net zero.

Um caso particular é o da Papua-Nova Guiné, cujo primeiro-ministro James Marape anunciou em agosto que o país não estaria na COP29, em protesto contra a falta de "apoio rápido às vítimas das alterações climáticas" por parte das grandes nações. O país, que possui a terceira maior extensão de floresta tropical do planeta e é extremamente vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas e enfrenta sérios desafios relacionados à elevação do nível do mar e por conta de catástrofes naturais.

Momento crucial para o financiamento

Nos últimos anos, o número de participantes nas conferências climáticas da ONU tem crescido expressivamente. Em Dubai, a COP28 registrou recorde de 83.884 pessoas, ocupando um espaço tão extenso que carros de golfe foram necessários para transportar os delegados. O alto número de participantes, somado ao de viagens aéreas necessárias na logística, tem gerado críticas pela aparente contradição.

Para a COP29, foi estabelecido um limite de aproximadamente 40.000 participantes, público similar ao da COP26, em Glasgow, Escócia. Simon Stiell, diretor da ONU para o clima, manifestou-se sobre o tema no início deste ano, argumentando que "a dimensão não se traduz necessariamente na qualidade dos resultados".

A conferência em Baku representa um momento crucial nas negociações climáticas globais, especialmente no que diz respeito ao financiamento de ações contra as mudanças climáticas. Espera-se que as decisões tomadas durante o evento estabeleçam as bases da COP30 no Brasil, onde se espera que compromissos ainda mais ambiciosos sejam assumidos pela comunidade internacional.

Não obstante às tensões geopolíticas locais ou globais, as ausências de tantos líderes mundiais levantam questões sobre o nível de comprometimento global com as urgências climáticas, embora a maior parte das nações enviem delegações de alto nível. O foco nas questões financeiras durante esta COP pode ser determinante para o futuro das ações climáticas, especialmente para países em desenvolvimento e insulares mais vulneráveis aos impactos das mudanças do clima.

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