Do banho seco à proteção dos animais: como ambientalista quer engajar na preservação do Cerrado
Ambientalista Marianne Soisalo, fundadora do Eco Nois, protege os animais e o Cerrado ao também envolver as pessoas em experiências imersivas
Fernanda Bastos
Publicado em 13 de janeiro de 2023 às 10h01.
Última atualização em 13 de janeiro de 2023 às 13h12.
Recycle or die (do inglês, recicle ou morra), eram esses os dizeres que estavam na camiseta de uma então jovem brasileira que protestava, em Londres, pelos direitos do meio ambiente. O descontentamento com a realidade presente no movimento ativista europeu se aproximava de elementos da cultura punk, relembra.
Alguns anos depois, por volta de 2005, de volta a terras sul-americanas, a zoóloga Marianne Soisalo estudava as onças pintadas no Pantanal brasileiro. O momento contribuiu para a decisão de se instalar em um terreno de 65 hectares em Alto Paraíso de Goiás, no coração do Cerrado brasileiro, para dedicar a sua vida a um projeto de preservação do bioma: o Instituto Eco Nois.
Seu primeiro trabalho com ativismo no Brasil foi o chamamento público “Chega de Fogo na Chapada!”, no qual Soisalo convocou a participação da população. Por meio da arte, crianças, jovens e adultos puderam gerar conscientização e realizar um projeto socioambiental comunitário. Dos 500 desenhos e pinturas, nasceram os cartazes nas estradas como forma de conscientização sobre a realidade das queimadas.
“A minha trajetória culminou para este ponto exato: proteger um pedaço de terra com animais silvestres. Eu escolhi isso como meu legado. Quero lutar pelos animais e pela natureza”, comenta a fundadora do Instituto Eco Nois, Mariri Jungle Lodge e do Santuário Silvestre Mariri, Marianne Soisalo.
A fundadora explica que o nome do Instituto é uma forma de provocar para que, de maneira coletiva, haja uma movimentação social em prol da fauna e flora brasileiras. “O projeto é uma chamada “vamos juntos”. Porque sozinho a gente não chega a lugar nenhum”, diz Soisalo.
Os projetos da brasileira se dividem em uma tríade. O que hoje é o Instituto Eco Nois nasceu, primeiramente, como um ecocentro para educar e compartilhar ideias sobre sustentabilidade, ecologia e agrofloresta – tendo em mente a consciência ecológica para a cidade. Hoje, o espaço é alugado e outras pessoas tocam projetos ecológicos similares aos iniciais. Ali, há cerca de dez anos, nasce o Instituto Eco Nois.
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Legado ambiental
Dentro do objetivo de deixar um legado, um deles é o Santuário Silvestre Mariri, que trabalha o manejo, a proteção e a restauração da fauna silvestre do Cerrado, mais especificamente de araras e pumas. Amenizando, assim, a superlotação dos centros Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do IBAMA e auxiliando na educação de empresas, comunidades e escolas. “Fazer um recinto para animais que precisam de cuidados é o próximo passo”, observa a zoóloga.
Além desses projetos, Soisalo ainda comanda o Mariri Jungle Lodge, uma estação ecológica que permite às pessoas uma vivência conectada com a natureza, apresentando outra maneira de viver. Compostagem, banheiro seco, permacultura e uso de energia solar estão dentro das possibilidades para quem quer se hospedar no espaço.
Mas, agora, ela concentra forças na tentativa de levantar fundos para a construção dos recintos. Segundo a ambientalista, apenas o recinto dos pássaros custaria algo em torno de R$ 30 mil, enquanto o local para abrigar as onças custaria R$ 800 mil.
“Nós não somos os únicos seres que têm direitos à terra e não deveríamos tratar a natureza como algo que controlamos. Devemos entender que trabalhamos junto com a natureza. E o positivo nisso tudo é que você pode apertar um botão em um website, se sentir parte e responsável por entregar algo de volta para o meio ambiente, através de pessoas que estão doando o seu tempo e suas vidas na tentativa de proteção da Terra”, conclui Soisalo.