Os desastres climáticos no Brasil aumentaram 250% nos últimos quatro anos em comparação à década de 1990, segundo um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica.
Desde 1991, foram registrados 64.280 eventos climáticos extremos no país, com um crescimento médio de 100 registros por ano.
Das enchentes no Rio Grande do Sul até a seca na Amazônia em 2024, estes são agravados pelo aquecimento global e devem acontecer cada vez mais caso não houverem ações drásticas em mitigação das emissões e adaptação das cidades.
Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, destacou em nota que as medidas de adaptação são cruciais. Entre as soluções possíveis, ela cita as baseadas na natureza, visando mitigar os impactos e fortalecer comunidades frente à emergência climática.
"São ferramentas eficazes para fortalecer a resiliência de cidades costeiras, enfrentando desafios ambientais, sociais e econômicos de forma integrada. A recuperação de manguezais e dunas, por exemplo, promovem a adaptação ao ambiente urbano e costeiro, aumentando a resiliência contra eventos climáticos extremos", disse.
Nos últimos anos, o ritmo se acelerou: [grifar]entre 2020 e 2023, foram 16.306 eventos, enquanto nos anos 1990 foram 6.523 registros. Secas correspondem a 50% das ocorrências, seguidas por inundações e tempestades.
A publicação lançada na sexta-feira (27) e coordenada pelo Programa Maré de Ciência da Unifesp, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Unesco, utilizou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID).
Impactos econômicos e sociais
Desde 1995, os prejuízos causados por desastres climáticos somaram R$ 547,2 bilhões, com R$ 188,7 bilhões concentrados nos quatro primeiros anos da década de 2020. Isso representa 80% do total da década anterior, indicando um impacto crescente no PIB nacional.
Os pesquisadores também destacaram que, além dos danos econômicos, eventos climáticos extremos trazem aumento nos custos de energia, alimentos e saúde, com destaque para a maior incidência de doenças como dengue -- associadas ao aumento da temperatura.
Projeções para as próximas décadas
O estudo apresentou dois cenários baseados em projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O primeiro é otimista e considera que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas até 2030: neste caso, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos entre 2024 e 2050 -- o dobro do observado nas últimas três décadas -- e as perdas econômicas podem alcançar R$ 1,61 trilhão até 2050.
Já o cenário mais alarmante e pessimista, traz um aumento da temperatura acima de 4°C e os registros podem chegar a quase 600 mil até 2100, um aumento de nove vezes em relação aos últimos 30 anos, e com custos ultrapassando os R$ 8,2 trilhões -- 15 vezes o total registrado desde 1991.
"Febre" no oceano
Especialistas ressaltam que o oceano está em aquecimento intenso, com um aumento abrupto de cerca de 0,3°C a 0,5°C desde março de 2023.
O fenômeno, descrito como “Febre Azul”, também agrava eventos como furacões e inundações, afetando milhões de pessoas e impactando profundamente os ecossistemas. As inundações no Rio Grande do Sul e as secas no Centro-Oeste em 2024, são exemplos recentes da nova realidade imposta pelo clima no Brasil.
Diante da escalada climática, a ciência alerta que ações coordenadas para reduzir emissões e fortalecer resiliência são essenciais para evitar cenários ainda mais drásticos.
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre)
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Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre)
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Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre)
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Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta)
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Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre)
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Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi)
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Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi)
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(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente)
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(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
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Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi)
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Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria)
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Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
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Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas)
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(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul)