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CPFL Energia anuncia projeto de hidrogênio verde em fábrica da Mizu Cimentos no RN

A expectativa é que a usina-piloto de fonte renovável comece a operar no município de Baraúna até 2027; hidrogênio irá substituir combustíveis fósseis na produção de cimento

Parque eólico de Gameleiras, RN: energia dos ventos irá garantir o suprimento necessário para produzir o hidrogênio verde (CPFL/Divulgação)
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 12h36.

Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 14h05.

“A nossa ambição é que o uso de hidrogênio verde se torne uma opção competitiva no mercado, para ser escalado de forma comercial e usado em diferentes setores”, disse Gustavo Estrella, CEO da CPFL, à Exame. Visando impulsionar o potencial do Brasil como um dos grandes players de produção e exportação deste ‘combustível do futuro’, a CPFL Energia anunciou uma parceria com a Mizu Cimentos para lançar um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em uma fábrica no município de Baraúna, no Rio Grande do Norte.

Focada na geração de renováveis, a companhia do setor elétrico irá produzir o hidrogênio com zero emissões a partir de uma tecnologia chamada ‘eletrolisador’ – responsável por um processo que separa a água (H₂O) em hidrogênio (H₂) e oxigênio (O₂) usando eletricidade – e fornecê-lo como uma alternativa sustentável para substituir os combustíveis fósseis na produção de cimento. Além de ter uma matriz predominantemente renovável, o Brasil também é favorecido neste processo pela sua abundância de água.

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A planta-piloto deve começar a operar até 2027 e foi financiada pelo Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), com um investimento de R$ 44 milhões da CPFL. Segundo a companhia, o projeto visa não só contribuir para avanços em tecnologias e estudos no mercado do hidrogênio, como também protagonizar a descarbonização da indústria de cimento, altamente poluente – hoje responsável por cerca de 7% das emissões globais de dióxido de carbono no mundo.

Na prática atual, este setor produtivo utiliza fornos que queimam principalmente carvão, coque de petróleo ou gás natural como combustíveis para atingir as temperaturas de “calcinação” – processo térmico utilizado para transformar materiais sólidos como o cimento e que emite altos níveis de CO2.

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Já o hidrogênio, originado de complexos eólicos e solares geralmente já existentes, reduziria significativamente o impacto ambiental. No entanto, seu uso ainda é incipiente no Brasil e enfrenta desafios, como a viabilidade financeira, destacou Estrella. “Temos estudado o tema. É uma tecnologia para ser desenvolvida, ganhar competitividade, e nós não podíamos ficar de fora. Primeiro, precisamos conhecê-la e conquistar eficiência, para então baixar o custo”, explicou. Para ele, o novo desafio é esta fase de pesquisa: “São várias incertezas e indefinições que ainda temos para de fato conseguirmos escalar. Estamos dedicados, com nosso time e parceiros, para entender a viabilidade e escalabilidade.”

A Mizu, com capacidade atual de produção de 7 milhões de toneladas por ano, opera em vários estados – com fábricas em diferentes regiões do Brasil. A de Baraúna, que irá contemplar o piloto, é uma das maiores e se posiciona de forma estratégica no Nordeste.

Após um período de monitoramento de seis meses, as empresas irão mensurar o impacto real do projeto na redução das emissões. A expectativa é que cerca de 12,5 toneladas de carbono por ano deixem de ir para a atmosfera.

A parceria está alinhada com as metas de ESG para uma matriz mais sustentável da CPFL. Um de seus compromissos é se tornar carbono neutro a partir de 2025 e reduzir suas emissões totais em 56% até 2030. Para chegar lá, vem investindo em diversas frentes, incluindo a expansão de geração de energia renovável, eficiência energética, eletrificação de sua frota e engajamento com fornecedores.

A CPFL e a Mizu oficializaram o projeto durante uma cerimônia no Palácio do Governo do Rio Grande do Norte nesta quinta-feira (22), em Natal. A companhia de energia assinou um memorando de entendimento com o Governo do Estado para explorar as possibilidades de desenvolvimento do hidrogênio verde e suas potenciais aplicações no setor. "O hidrogênio verde representa o futuro da energia limpa no mundo e a oportunidade é única para gerar o desenvolvimento econômico com respeito ao meio ambiente e ao nosso povo", afirmou Fátima Bezerra, governadora do RN.

Embora existam iniciativas com hidrogênio em curso no Brasil e que atraem o interesse de investidores nacionais e internacionais, nenhuma ainda trata da aplicação na indústria de cimento. A CPFL espera que o piloto em Baraúna sirva de exemplo e também possa influenciar o mercado, futuramente com o recurso verde sendo aplicado em outras indústrias – como a siderúrgica, automobilística, química e outras altamente dependentes de combustíveis fósseis.

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