Conta Black lança instituto voltado para educação financeira de profissionais negros
Hub financeiro aplicará cursos de finanças e gestão para empreendedores; Instituto também deve lançar MBA para profissionais pretos do mercado financeiro em parceria com a Universidade Mackenzie
Repórter de ESG
Publicado em 24 de setembro de 2024 às 07h00.
A Conta Black, hub financeiro voltado para a diversidade étnico-racial, acaba de lançar o Instituto Black, com o objetivo de ajudar no crescimento de profissionais e empreendedores negros a partir de capacitações sobre economia.
A partir da educação financeira, formação profissional e do apoio às cadeias de valor, o Instituto busca promover a empregabilidade de profissionais pretos e pardos no mercado financeiro e garantir melhores soluções para empreendedores negros.
De acordo com o presidente do Instituto, Celso Kleber, a criação surgiu após uma percepção dele e dos co-fundadores daConta Black,Fernanda RibeiroeSergio All:apesar do aumento da bancarização da população durante a pandemia, as políticas públicas ainda não são suficientes para democratizar os serviços financeirosentre empreendedores periféricos e aumentar as chances profissionais para a base da pirâmide produtiva, onde está a maior parte dos negros no país.
Celso Kleber contou com exclusividade à EXAME que o programa surge para tratar uma queixa comum dos empreendedores que conseguiam um primeiro acesso ao crédito pela Conta Black: mesmo com mais capital, a falta de educação financeira básica atrapalhava o desenvolvimento do negócio.
“Esses empreendedores tinham dúvidas muito básicas, como o que é faturamento, recebimento, se é necessário separar o caixa pessoal do caixa da empresa, quanto pedir ao obter crédito e onde investir a quantidade recebida”, conta.
Por isso, o presidente explica que a próxima fase do programa de microcrédito da Conta Black contará com um curso de educação financeira, aplicado pelo Instituto Black. “O primeiro passo é investir na capacitação e mentoria desses empreendedores que precisam de acesso a crédito, consórcios e seguro de proteção à renda, mas não entendem como utilizar esses produtos financeiros”, afirma. O objetivo é atingir 2 mil empreendedores nessa etapa.
Parceria com Universidade Mackenzie
Já para profissionais negros, Kleber explica que o programa busca continuar acelerando a carreira de profissionais negros que estão estagnados em suas posições por conta da cultura doracismo estrutural nas organizações. “O que percebemos é que, após 3 ou 4 anos, eles têm dificuldade de evoluir na companhia. Grande parte da justificativa para não ascenderem está na falta de formação e capacitação”, conta.
Por isso, o Instituto está com um acordo de parceria encaminhado com a Universidade Prestiteriana Mackenzie para criar a Universidade Corporativa Black, programa de MBA em economia acessível para profissionais negros e periféricos. “Um MBA de alta qualidade, com a chancela de uma instituição reconhecida, vai ajudar a trazer os pretos periféricos ao topo da pirâmide”, explica. “Hoje, contamos com apenas 4% da alta liderança das empresas que são pretos, e quando falamos de mulheres, menos de 1%.”
Por meio das aulas práticas, Kleber aponta que o Instituto vai preparar e auxiliar os alunos para que obtenham certificações do mercado financeiro, como CPA20, para profissionais que comercializam e distribuem produtos de investimento em bancos e corretoras, e Ancord, voltada para agentes autônomos de investimentos. “A ideia é que ao final de cada turma, possamos ver mais pretos frequentando o novo centro financeiro, a Faria Lima ”, explica.
Além das aulas práticas, a formação também proporcionará aulas em habilidades socioemocionais.
Inclusão econômica
Para o presidente, conectar a população negra com as finanças já era uma iniciativa realizada pela Conta Black, que surgiu a partir da falta de programas estruturados para o crescimento de empreendimentos negros. “Estamos em país em que 87% dos negócios fecham em até 3 anos. Um estudo da Conta Black com a MasterCard mostra que não é por falta de demanda ou mercado, mas por falta de preparo da gestão. É isso que o Instituto quer mudar”, explica.
Para Celso, não é um trabalho simples ou rápido de ser feito, mas que é necessário. Ele conta que a bancarização foi acelerada pela pandemia, mas ainda falta garantir o acesso aos serviços. “Mesmo com os produtos, falta a adesão das pessoas negras porque não entendem que os produtos são acessíveis. Não tem uma identificação com o serviço, já que os bancos tradicionais ainda não pensam no consumidor negro justamente por não serem feitos por pessoas negras”, explica.