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Ameaça: Arjan Smit observa seus campos de tulipas em Spierdijk (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 29 de abril de 2024 às 12h52.
Última atualização em 29 de abril de 2024 às 12h53.
A mudança climática, com invernos excessivamente chuvosos, e o aumento dos controles devido ao Brexit, aumentam o medo entre os produtores das famosas tulipas dos Países Baixos, o orgulho do país.
"O clima mudou. Nós vemos isso. Temos mais períodos de chuva. No ano passado choveu, choveu, choveu e [hoje] vemos os resultados", diz Arjan Smit, cuja família cultiva esta flor desde 1940, entre extensos campos de tulipas vermelhas.
Como o inverno foi muito chuvoso, as flores não criaram raízes suficientes para buscar água, e isso é perigoso para as colheitas, explica Smit, em um dia de clima inconstante no final de abril.
"Às vezes é difícil. O inverno passado foi muito chuvoso. No total, no nosso setor, perdemos entre 8% e 9% dos bulbos no campo. A água os matou", explica esse profissional, de 55 anos.
Vistas de cima, as fileiras de flores coloridas parecem perfeitas. Mas de perto é possível ver espaços vazios e lamacentos, onde a chuva impediu o crescimento das tulipas.
Smit também teme os períodos de calor, porque suas flores "não têm raízes suficientes para beber toda a água de que precisam". Isso requer vigilância constante. Com as primaveras e os verões cada vez mais quentes, o produtor diz que precisa regar regularmente os seus campos mais que o dobro do que fazia uma década atrás.
Sua empresa Smit Flowers produz 11 milhões de tulipas de diferentes variedades, cultivadas ao longo do ano, alternando métodos naturais e em estufa. Utilizando painéis solares e água de chuva reutilizada, Smit afirma fazer o seu melhor para cultivar de forma sustentável, em um setor criticado pelo seu impacto ambiental.
A mudança climática é um desafio a longo prazo. Mas os produtores temem uma ameaça mais iminente: o aumento dos controles fronteiriços depois do Brexit. A partir de 30 de abril, as verificações físicas serão obrigatórias para muitas plantas e flores que entram no Reino Unido. Nos dois países, separados pelo Mar do Norte, os comerciantes estão preocupados com possíveis atrasos e deterioração dos produtos.
Tim Rozendaal, da associação holandesa de flores VGB, explica à AFP que ainda há "incerteza sobre os prazos de espera" e a falta de capacidade para realizar os controles. A imprensa britânica informou que os estoques nos viveiros estavam aumentando.
Smit estima que cerca de 80% de sua colheita vai para o exterior, já que vende diretamente para um exportador. Qualquer atraso nos controles fronteiriços será "catastrófico" para as flores, alerta.
Apesar de todas essas dificuldades, o agricultor está otimista com as perspectivas do filho, Tim, de 22 anos, que se tornará a quarta geração a dirigir o negócio da família. "É difícil, mas se isso for controlado corretamente, podemos ter bons lucros na indústria dos bulbos, na indústria das flores", afirma.