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Apague a luz ao deixar o recinto: o conselho de mãe da Sonepar para reduzir a pegada de carbono

Distribuidora de materiais elétricos espera lucrar com a transição energética, mas, para reduzir a própria pegada de carbono, confia na boa e velha economia

Sonepar: Em entrevista para a EXAME, Yannick Laporte, CEO da empresa, trata sobre a importância da agenda ESG na atuação no Brasil (Sonepar/Divulgação)
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 19 de julho de 2023 às 07h00.

Os conselhos de mãe, sabedoria milenar que se desenvolve a cada geração, aderem à memória como superbonder. “Leve um casaco, coma vegetais, isso mancha, não fale com estranhos, você não é todo mundo...”, enfim, pequenas doses de conhecimento que valem a pena levar para o resto da vida. E há também algumas ordens maternas que, se bem analisadas, valem como um conselho, como “já arrumou a cama?” e a clássica “apague a luz” – essa geralmente acompanhada de uma ironia do tipo “você é sócio da Light?” ou “já tirou o rabo da sala?”. Convém obedecer.

É justamente essa última pílula de conhecimento ancestral que a Sonepar, uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, utiliza em sua estratégia de descarbonização. “A melhor forma de reduzir sua pegada é reduzir o seu consumo, parece óbvio, mas é um começo importante”, disse à EXAME, Yannick Laporte, CEO da empresa no Brasil. O executivo está otimista com a possibilidade de descarbonizar a indústria, tanto que faz disso a principal estratégia de negócios da Sonepar. Ao mesmo tempo, busca tecnologias que automatizam a gestão da energia, softwares que, com o uso de inteligência artificial, reduzem o consumo de grandes companhias.

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A educação começa dentro de casa. A empresa estabeleceu a meta de reduzir em 46,2% as emissões absolutas de gases de efeito estufa (GEE) dos escopos 1 e 2 até 2030 (tendo como referência o ano base de 2019) e diminuir em 13,5% as emissões de GEE do escopo 3 no mesmo período. Para isso, passou a usar, ela própria, os sistemas de automação. Também investiu na substituição de lâmpadas antigas nos seus galpões e no que Laporte chama de retrofit, a modernização de equipamentos – por ano, 8 mil eletrônicos passam pelo processo. A tecnologia usada para entender o consumo é fornecida pela Schneider, uma grande fabricante de equipamentos elétricos. O mesmo software passou a ser vendido para os clientes, dentro de um catálogo de 50 mil itens de produtos verdes, que possuem critérios sustentáveis, como materiais reciclados.

O setor industrial representa a maior parte dos negócios da companhia no Brasil. No ano passado, a empresa faturou 32,4 bilhões de euros em vendas globalmente, com um crescimento de 28% em relação a 2021. Na Europa e em outros mercados, o setor de construção civil é o mais forte. A parte de automação, no entanto, representa um pedaço menor do negócio, e Laporte espera que as vendas cresçam no país com os investimentos em energia solar e eólica.

“Há caminhos e tecnologia disponíveis para reduzir essa pegada de carbono e descarbonizar os segmentos para chegar nesse ambicioso número de descarbonização até 2050”, disse o executivo. A nível global, o executivo cita estimativas de que 90% da produção de energia virá das fontes solar e eólica, em 20 anos.

Outra aposta da Sonepar está no hidrogênio verde, mercado em que o Brasil tem grandes chances de liderar. O combustível, segundo Laporte, é a melhor alternativa para descarbonizar indústrias de carbono intensivo, como siderurgia e mineração. A produção do H2 verde exige grande volume de energia renovável, o que também fomenta os negócios da Sonepar.

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