Aumento da demanda se justifica pela maior competitividade em relação à gasolina, em parte devido aos instrumentos provenientes do RenovaBio. (Buda Mendes/Getty Images)
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Publicado em 29 de maio de 2024 às 06h00.
O consumo de etanol automotivo avançou 31,1% em janeiro em todo o País, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME) divulgados na última semana. As informações fazem parte do Boletim Mensal de Energia, que traz entre os destaques o aumento da preferência dos motoristas pelo combustível renovável.
Com base nos dados de janeiro de 2024, estima-se que a proporção de participação de renováveis na Oferta Interna de Energia aumentou para uma fatia de 49,1%. A proporção é superior à estimada para o ano passado, de 48,1%, em decorrência, principalmente, da maior geração de energia hidráulica.
“Apesar da redução na utilização da gasolina C (queda de 2,6%), ainda assim o consumo de energia em veículos leves, do ciclo Otto (gasolina, etanol e gás natural), apresentou um aumento da ordem de 9,7% no acumulado do ano. E o consumo do diesel aumentou em 6,4%. Isso mostra o enorme potencial do etanol brasileiro no processo de descarbonização do setor de transportes, o que tem consequências benéficas ao meio ambiente”, diz trecho do documento.
Para a produção de cana-de-açúcar, de acordo com o levantamento mais atual da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se que haja um aumento de 24,1% em relação à safra de 2022/2023. Para o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar e do milho, a previsão é de um aumento na produção em 15,0%.
O Boletim Mensal de Energia é um produto do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética (DIEE) da Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME. Segundo o documento, o aumento no consumo de etanol reflete o potencial do etanol brasileiro no processo de descarbonização do setor de transporte, impactando na redução das emissões de CO2.
Especialista no tema, a advogada Valéria Rosa, sócia do LCFC Advogados e Conselheira do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE), projeta que haverá expansão da oferta de etanol para suprir o mercado brasileiro e o internacional. A nível doméstico, o aumento da demanda se justifica pela maior competitividade em relação à gasolina, em parte devido aos instrumentos provenientes do RenovaBio, que estabelece metas nacionais de descarbonização para as distribuidoras de combustíveis.
No mercado internacional, por outro lado, Valéria prevê um crescimento marginal do etanol brasileiro entre as exportações, devido, principalmente, à manutenção das tendências protecionistas dos mercados estrangeiros e à adoção de tecnologias mais eficientes.
“É vital o fortalecimento do ambiente regulatório a fim de que o etanol contribua efetivamente com o processo de descarbonização no Brasil, através de ações estruturadas do governo federal e das agências reguladoras competentes, no sentido de promover a adequada expansão dos biocombustíveis na matriz energética, com ênfase na regularidade do abastecimento, e de assegurar previsibilidade para o mercado”, apontou.
O debate sobre transição energética e sustentabilidade é um dos eixos do Fórum Esfera 2024, que será realizado nos dias 7 e 8 de junho e contará com a participação de representantes do setor privado e do poder público. Haverá transmissão ao vivo pelo canal da Esfera Brasil no YouTube. Ative as notificações para ser informado ao início de cada painel.