Economia

YPF: Espanha pede que UE pressione Argentina a negociar

"Continuamos dizendo que o melhor que pode acontecer é chegar a uma solução negociada através do diálogo", disse o ministro espanhol de Relações Exteriores

O ministro afirmou que a Espanha "não está discutindo a soberania energética da Argentina" (Congreso de la República de Perú/Wikimedia Commons)

O ministro afirmou que a Espanha "não está discutindo a soberania energética da Argentina" (Congreso de la República de Perú/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2012 às 15h15.

Luxemburgo - A Espanha apresentou nesta segunda-feira a seus parceiros da União Europeia (UE) uma série de medidas de pressão sobre a Argentina, incluindo a opção de excluí-la das negociações comerciais com o Mercosul, e confiou que esta estratégia fará com que Buenos Aires busque uma solução negociada do caso YPF.

"Continuamos dizendo que o melhor que pode acontecer é chegar a uma solução negociada através do diálogo", disse o ministro espanhol de Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, depois de se reunir com seus colegas europeus em Luxemburgo.

O objetivo, segundo García-Margallo, deve ser que a companhia petrolífera espanhola Repsol obtenha uma compensação adequada pela nacionalização de sua participação majoritária na YPF, e que isso permita evitar um "choque" que, segundo sua opinião, teria consequências para todas as partes.

O ministro afirmou que a Espanha "não está discutindo a soberania energética da Argentina", nem se Buenos Aires pode expropriar empresas energéticas, mas defende a necessidade de respeitar a legalidade e pagar o "preço justo".

"Agora provavelmente o que temos que tentar é fazer com que a Argentina encontre um interesse em chegar a um acordo dialogado e negociado com a Espanha sobre a taxação da YPF", declarou.

Para isso, a estratégia espanhola é utilizar todo tipo de vias de pressão, principalmente através da União Europeia, que nesta segunda-feira reiterou seu apoio ao Governo de Madri.

Entre as medidas propostas pela Espanha e que os 27 se comprometeram a estudar está a possibilidade de ativar reivindicações perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) e excluir a Argentina do sistema de preferências generalizadas (vantagens tarifárias) antes do previsto, em janeiro de 2014.


Ao mesmo tempo, García-Margallo colocou a opção de que a UE continue a negociação do acordo de associação com o Mercosul sem a Argentina.

"É algo que nós temos que estudar e que os países do Mercosul também têm que estudar", declarou García-Margallo, para quem o precedente representa o avanço na negociação de um tratado de livre-comércio apenas com Peru e Colômbia, após a UE constatar a impossibilidade de conseguir um completo acordo de associação com a Comunidade Andina de Nações (CAN).

"É provável que isto seja uma solução que interesse ao Brasil, ao Uruguai e ao Paraguai", opinou. A Comissão Europeia, que negocia com o Mercosul em nome dos 27, declinou fazer comentários sobre esta possibilidade, segundo disseram fontes comunitárias à Agência Efe.

Ao mesmo tempo, García-Margallo expressou suas suspeitas sobre a possibilidade de que a Argentina busque vender a um novo parceiro estrangeiro a parte da YPF expropriada da Repsol, ao considerar que não estará em posição de enfrentar o pagamento da dívida da empresa e os investimentos para explorar a nova jazida de gás de Vaca Morta.

Caso sejam confirmadas essas suspeitas, segundo García-Margallo, não aconteceria uma nacionalização, mas a substituição de um parceiro espanhol e europeu por um parceiro provavelmente de outra nacionalidade, algo que de acordo com ele seria uma desapropriação "arbitrária", "discricionária" e "contrária aos procedimentos legais".

A postura espanhola perante a desapropriação de 51% das ações da YPF pertencentes à companhia espanhola Repsol obteve nesta segunda-feira o apoio de seus parceiros europeus, explicou o ministro espanhol ao término do encontro com a chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton.

Segundo fontes comunitárias, vários ministros de Relações Exteriores da União Europeia transmitiram seu total apoio a Madri durante a reunião ministerial - entre eles o britânico William Hague - enquanto alguns demonstraram o respaldo em declarações aos jornalistas.

"A Espanha é membro da UE e é preciso ser solidário. Acho que não podemos tolerar que as expropriações econômicas aconteçam em países nos quais há membros da UE afetados", disse o responsável de Relações Exteriores luxemburguês, Jean Asselborn, que pediu pressão sobre a Argentina ao G20. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaEmpresasEmpresas espanholasEspanhaEuropaIndústria do petróleoMercosulPiigsRepsol YPFUnião Europeia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor