Economia

Yellen indica alta de juro em base "de reunião para reunião"

O Fed se prepara para considerar elevações da taxa de juros "de reunião para reunião", disse a chair do banco central americano, Janet Yellen

Chair do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Janet Yellen (Kevin Lamarque/Reuters)

Chair do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Janet Yellen (Kevin Lamarque/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2015 às 17h03.

Washington - O Federal Reserve está se preparando para considerar elevações da taxa de juros "de reunião para reunião", disse a chair do banco central norte-americano, Janet Yellen, a um comitê do Congresso nesta terça-feira, em uma sutil mudança de ênfase no modo como o Fed tem falado sobre seus planos para a primeira elevação dos juros desde 2006.

Em declarações preparadas para o Comitê Bancário do Senado, Yellen descreveu como o comitê de política do Fed provavelmente vai agir nos próximos meses - primeiro removendo a palavra "paciente" ao descrever sua abordagem em relação ao aumento de juros, então entrando na fase em que as altas sejam possíveis a qualquer reunião.

Essa abordagem poderia abrir a porta para um aumento da taxa de juros já em junho, mas os investidores interpretaram o depoimento de Yellen como provavelmente indicando uma data posterior para o início das altas.

Ao fim de sua aparição de duas horas diante do Comitê Bancário do Senado, os contratos futuros de taxas de curto prazo mostravam que os operadores haviam mudado suas expectativas de um início de alta de setembro para outubro, de acordo com dados coletados da CME FedWatch.

Yellen, no entanto, disse que, mesmo que o Fed mude sua linguagem nas próximas semanas, os investidores não devem interpretar isso como um sinal de que o banco central está comprometido com um aumento dos juros em qualquer reunião em particular. Em vez disso, ela disse, quando a palavra "paciente" desaparecer, isso significa que o Fed vai apenas ter total flexibilidade para agir caso julgue que os dados econômicos justifiquem.

O Fed tem enfrentando dificuldades nos últimos meses para se afastar do tipo de orientação futura de que dependeu durante a crise para influenciar o comportamento do mercado sem, ao mesmo tempo, disparar uma reação exagerada do mercado com cada mudança no comunicado de sua política monetária.

Os comentários de Yellen nesta terça-feira marcaram outro passo nesse processo.

"Caso as condições econômicas continuem a melhorar, como o comitê espera, o comitê vai em algum momento começar a considerar um aumento de juros de reunião para reunião", disse Yellen.

"Antes disso, o comitê vai alterar sua orientação futura. No entanto, é importante enfatizar que uma modificação da orientação futura não deve ser vista como uma indicação de que o comitê necessariamente vai aumentar os juros em duas reuniões".

A discussão de Yellen sobre orientação futura faz parte de um pronunciamento preparado que inclui uma ampla visão geral de uma economia norte-americana que aparentemente está progredindo, com forte crescimento de empregos e contínua expansão pós-crise financeira - condições em grande parte consistentes com uma elevação do juro mais tarde neste ano.

"Yellen está mantendo a mente aberta, ainda sem pressa para dar um sinal de que a alta dos juros está próxima", disse o estrategista-chefe de mercados do Drivewealth, Brian Dolan.

Falta de preocupação com a inflação

O senador republicano do Alabama Richard Shelby, presidente do Comitê Bancário do Senado, levantou uma discussão que colocou Yellen em confronto com um amplo conjunto de preocupações - de manipulação cambial entre os parceiros comerciais dos EUA a se o Congresso deve de aprofundar nos assuntos do Fed. Shelby agendou uma audiência separada na próxima semana sobre a supervisão do Fed e desafiou Yellen sobre o assunto em seu discurso de abertura.

Com um balanço mais de 4 trilhões de dólares proveniente de seus vários esforços de combate a crise, "muitos questionam se o Fed pode controlar a inflação e evitar a desestabilização de preços dos ativos", disse Shelby. "Estou interessado em saber se a atual chair... acredita que o Fed deve ser imune a qualquer reforma".

Yellen foi inflexível.

A legislação pendente que deixaria o departamento de contabilidade governamental revisar a política monetária "iria politizar a política monetária", disse Yellen, e "sem sombra de dúvida" deixar o Fed menos eficaz.

Na quarta-feira ela vai depor perante uma comissão da Câmara dos Deputados.

Completando seu primeiro ano à frente do Fed, Yellen disse sentir que o mercado de trabalho e outros indicadores econômicos importantes "têm aumentado a um ritmo sólido".

No entanto, ela disse que ainda sente o mercado de trabalho não está totalmente reparado, e que as perspectivas nos EUA permanecem um pouco nebulosas por uma recuperação da economia global mais fraca que o esperado, crescimento dos salários estagnado, e inflação em queda.

Acompanhe tudo sobre:EconomistasEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemJanet YellenJurosMercado financeiroPaíses ricos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor