Economia

Vinci, Zurich e Fraport fazem ofertas para leilão de aeroportos

Fontes afirmaram que o leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis não deve contar com grupos nacionais interessados

Aeroporto de Porto Alegre: leilão marcará o primeiro teste importante do interesse de investidores de longo prazo no Brasil do governo do presidente Michel Temer (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Aeroporto de Porto Alegre: leilão marcará o primeiro teste importante do interesse de investidores de longo prazo no Brasil do governo do presidente Michel Temer (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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Reuters

Publicado em 14 de março de 2017 às 11h55.

Última atualização em 25 de junho de 2020 às 15h08.

Rio de Janeiro - O leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis marcado para quinta-feira será disputado por ao menos três grupos europeus que entregaram suas ofertas na véspera, informaram duas fontes do governo com conhecimento do assunto.

A francesa Vinci Airports, a suíça Zurich e a alemã Fraport entregaram documentação para a disputa pelos terminais, que não deve contar com grupos nacionais interessados, afirmaram as fontes sob condição de anonimato.

Segundo os interlocutores, há ainda dúvidas se um quarto grupo, a alemã AviAlliance vai mesmo participar do leilão. Representantes da companhia estiveram na BM&FBovespa na segunda-feira para entregar oferta. "O fato é que haverá disputa", disse uma das fontes.

O leilão marcará o primeiro teste importante do interesse de investidores de longo prazo no Brasil do governo do presidente Michel Temer e acontece em meio a dificuldades financeiras de grandes empreiteiras nacionais envolvidas na operação Lava Jato e que anteriormente chegaram a vencer disputas por grandes terminais do país, como o do Galeão, no Rio de Janeiro.

Segundo os termos dos editais, o pagamento inicial das outorgas dos quatro terminais (25 por cento à vista sem considerar o ágio) será de 754 milhões de reais, e o valor estimado a ser arrecadado com o pagamento das contribuições fixas anuais, ao longo da concessão, será de 3,01 bilhões.

Os concessionários também deverão pagar anualmente a contribuição variável de 5 por cento das receitas obtidas em cada aeroporto, com arrecadação prevista de 2,451 bilhões de reais. Os investimentos são estimados em 6,613 bilhões.

"Isso é bom para não acontecer o que houve na última rodada: grandes ágios, mas aeroportos em má situação financeira", disse uma das fontes, referindo-se às concessões dos aeroportos do Galeão e de Confins (MG).

Em novembro de 2013, consórcio formado pela Odebrecht e a operadora de aeroportos Changi, de Cingapura, obteve a concessão do aeroporto do Galeão, ofertando cerca de 19 bilhões de reais, quase quatro vezes acima que o lance mínimo definido pelo governo.

Já o aeroporto de Confins (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, foi arrematado pelo consórcio liderado pela CCR, com lance final de 1,82 bilhão de reais, ágio de 66 por cento.

Sobre a disputa pelos terminais que vão a leilão na quinta-feira, a segunda fonte afirmou que aposta em mais interesse em Fortaleza. "Por ser mais perto da Europa, vai ter mais concorrência que os demais. Tem mais demanda", disse a fonte.

A oferta inicial no leilão deverá ser de 31 milhões de reais para o aeroporto de Porto Alegre, de 310 milhões para Salvador, de 53 milhões para Florianópolis e de 360 milhões para Fortaleza.

A concessão de Porto Alegre será de 25 anos (prorrogável por mais cinco anos), e os demais serão de 30 anos (prorrogáveis por mais cinco anos).

Entre os principais investimentos que deverão ser realizados pelos futuros operadores estão a ampliação dos terminais de passageiros (exceto o de Florianópolis, que terá um novo terminal), dos pátios de aeronaves e das pistas de pouso e decolagem.

Também estão previstos o aumento do número de pontes de embarque, ampliação dos estacionamentos de veículos.

No final de 2016, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os quatro terminais respondiam por 11,6 por cento dos passageiros, 12,6 por cento das cargas e 8,6 por cento das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro.

Na véspera, uma das maiores empresas de concessões logísticas do Brasil, CCR, afirmou que deixou de participar do leilão por entender que as premissas usadas pelo governo para a modelagem dos editais não permitem a viabilidade dos projetos. Segundo o diretor de novos negócios da CCR, Leonardo Vianna, o principal motivo para a empresa ter ficado de fora do leilão dos terminais de Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis foi "o problema da demanda".

"Na hora que a gente simula a demanda (de passageiros) projetada com os estudos apresentados pelo governo a defasagem é muito grande", disse Vianna, acrescentando que no caso de Salvador a diferença chegava a cerca de 20 por cento.

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