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Vice do BNDES, Darc ganha mais poder

Para analistas, as mudanças no organograma do banco são profundas e indicam que Lessa está abdicando da presidência executiva para ter um cargo de relações com o governo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

Uma verdadeira dança das cadeiras está movimentando o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os cinco diretores continuam os mesmos. Mas houve um grande troca-troca nas áreas pelas quais eles passam a responder a partir de setembro. A principal mudança ocorre na vice-presidência do banco, na qual o titular Darc Costa passa a acumular a coordenação das cinco diretorias _uma atribuição própria de presidência. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, nega no entanto que as mudanças representem uma guinada na estrutura de poder da instituição. Só operamos alguns ajustes dentro da reorganização que fizemos quando assumi o banco , disse Lessa. Se mudo uma cadeira em casa pode ser algo relevante para o conforto na leitura, mas não é algo transcedental. Para os analistas, porém, as mudanças no organograma do banco são profundas. O Lessa está abdicando da presidência executiva para ter um cargo de presidente de honra, de relações com o governo , afirma um ex-executivo do banco. Isso nunca acontecera antes.

Ao tomar posse no BNDES, em janeiro, Lessa reduzira de 27 para 11 o total de superintendências do banco e trocara todos os responsáveis por elas. Agora, ele está remanejando os diretores para áreas que, segundo ele, estão mais afinadas com o perfil deles. Além disso, cortou-se de 70 para 60 o número de departamentos do banco, cujas funções foram reagrupadas. Vimos pontos fortes e outros a serem ajustados e decidimos que cada diretor assumiria uma área-fim e uma área-meio , diz Lessa. Com isso, liberamos o vice para coordená-los. Costa vinha comandando duas áreas estratégicas do banco: Infra-Estrutura e Operações Indiretas, que controla a Finame, responsável pelos empréstimos indiretos do Banco. Lessa afirma que a nova função de Costa permitirá que ele se dedique mais a fazer articulações externas, como visitar projetos fora do eixo Rio de Janeiro-Brasília. Não deixarei de me reunir com a diretoria ou ter encontro com cada diretor , diz Lessa. Tenho a expectativa de que a mudança agilize a coordenação.

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As mudanças no organograma foram uma surpresa para os mais de 1 000 técnicos do banco, que foram informados dela na segunda-feira. A decisão foi tomada em um encontro da diretoria na última sexta-feira que só foi concluído no dia seguinte. Fomos rápidos porque quanto menos tempo se expõem as pessoas a rearranjos, menores são os ruídos , afirma Lessa, que diz que as decisões foram tomadas sem consultas ao Ministério do Desenvolvimento, ao qual o banco está subordinado.

Especialistas interpretam o troca-troca como uma tentativa de aprimorar a operação do banco, acelerando processos como a concessão de empréstimos. Segundo um analista, a lentidão nas decisões é um problema que já vinha da gestão anterior, mas que foi agravado com a substituição de pessoas de cargos-chave efetuada por Lessa. O banco sempre teve uma política de meritocracia, na qual as pessoas galgavam os cargos ao longo dos anos , diz esse analista. Quando assumiu, Lessa nomeou pessoas que não estavam na operação há anos, nunca estiveram nela ou eram inexperientes, embora tivessem muito potencial. Para ele, a nova estrutura tem a intenção de corrigir uma experiência que não se mostrava adequada.

Quem é Darc

Lessa é visto pelos analistas como um intelectual respeitado, mas que não tem experiência operacional. A dúvida deles é se Costa, ao assumir o papel de presidente executivo, saberá conduzir melhor a instituição. Segundo uma executivo que o conhece, Costa é uma pessoa mais centralizadora e com um pensamento nacionalista muito próximo dos militares. Ele também não tem experiência gerencial , diz. Sua visão é mais geopolítica, de integração do continente, e não de dar atenção ao mercado, como seria o ideal.

Um exemplo claro da forma de pensar de Costa foi uma idéia defendida por ele em seminário sobre o potencial de geração de divisas e empregos do álcool, encerrado nesta terça-feira. Não é o mercado que antecede a intervenção, mas é o oposto que deve acontecer , disse ele, referindo-se ao protocolo de intenções, assinado pelo BNDES, Petrobras e Embrapa, para desenvolver o setor sucro-alcooleiro no país.

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