BNDES: os desembolsos do BNDES costumam servir de termômetro de investimentos da indústria brasileira (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2012 às 22h04.
Rio de Janeiro - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para siderurgia e mineração de janeiro a agosto recuaram respectivamente 80 por cento e 45 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, mostram dados apresentados por um alto funcionário da instituição nesta sexta-feira.
A queda dos empréstimos para as siderúrgicas -- que somaram 195 milhões de reais até o momento em 2012, ante 975 milhões de reais no ano passado -- reflete a redução de investimentos pelo setor após um longo período de projetos de expansão, disse à Reuters o chefe do Departamento de Indústria de Base do BNDES, Guilherme Cardoso.
Já a queda nos projetos de mineração, para 1 bilhão de reais, ante 1,8 bilhão de reais em 2011, pode ser apenas pontual e tem chances de se reverter ao longo dos próximos meses, com novos desembolsos à vista, afirmou, em entrevista na sede do BNDES.
Os desembolsos do BNDES costumam servir de termômetro de investimentos da indústria brasileira.
"O programa de investimentos das empresas de mineração não sofreu alteração significativa, pelo menos no Brasil, mas para a siderurgia, sim, houve uma redução natural".
O gerente do mesmo departamento Pedro Sérgio Landim de Carvalho, destaca que o mundo atualmente tem capacidade para produzir 2 bilhões de toneladas de aço, mas produz apenas 1,5 bilhão de toneladas, com o uso da capacidade instalada pela indústria siderúrgica na ordem de 75 por cento, o que se repete no Brasil, segundo ele.
Crescimento - Cardoso prevê uma aceleração nos repasses para mineração com base nos pedidos de financiamento em análise ou feitos recentemente pelas empresas do setor ao banco, com possibilidade de serem aprovados ainda neste ano.
"A mineração tem uma demanda boa ... as mineradoras estão olhando para 2016 em diante, não para o cenário atual", afirmou, ao ser indagado sobre o impacto da queda dos preços do minério de ferro sobre investimentos.
Os preços do minério de ferro recuaram 24 por cento em agosto diante de temores de desaceleração da demanda da China.
Para Cardoso, a queda de preços já começa a afetar produtores de minério com custo mais alto na China, fator que poderá levar a um ajuste na oferta e elevar os preços, como espera também a Vale.
"A China não pode prescindir do minério brasileiro, que tem uma qualidade tão superior que é necessário para as operações", afirmou.