Economia

Vendas no varejo sobem 0,6% em novembro e decepcionam expectativas

Apesar de ter tido 7ª alta seguida, resultado ficou na metade do esperado pelo mercado; para economistas, número mostra que oferta fraquejou em novembro

Comércio: setor do varejo é um dos principais da economia (Pilar Olivares/Reuters)

Comércio: setor do varejo é um dos principais da economia (Pilar Olivares/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 09h20.

Última atualização em 15 de janeiro de 2020 às 12h01.

Rio de Janeiro — O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,6% na passagem de outubro para novembro de 2019. Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada hoje (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esta é a sétima alta consecutiva do indicador, que acumula alta de 3,3% no período.

O comércio também teve altas na média móvel trimestral (0,5%), na comparação com novembro de 2018 (2,9%), no acumulado de janeiro a novembro de 2019 (1,7%) e no acumulado de 12 meses (1,6%).

A expectativa mediana do mercado era de alta de 1,2%, mas veio apenas metade disso, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton em nota a clientes. Do Varejo Ampliado, que considera venda de veículos e material de construção, se esperava alta de 0,4% mas recuou  0,5%.

"Este resultado por si só não reverte de forma alguma uma tendência de melhora relativa da atividade, mas acende uma luz amarela ao apontar que em novembro a oferta fraquejou de fato", diz o economista.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, também nota que a economia perdeu um pouco de fôlego em novembro e dezembro, com queda relevante em novembro para veículos.

De qualquer forma, diz ele, esses números devem ser lidos com cautela. "Não refletem uma tendência de piora da economia, mas sim de crescimento moderado. Reforça a ideia de que o crescimento não será tão exuberante em 2020, mas por conta de serviços, comércio e agronegócio ainda tende a ser maior que 2019", diz.

A alta de outubro para novembro foi puxada por quatro das oito atividades pesquisadas, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria e cosméticos (4,1%). Também tiveram alta outros artigos de uso pessoal e doméstico (1%), móveis e eletrodomésticos (0,5%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,8%).

"Tais segmentos tiveram como grande condicionante as promoções da Black Friday, que impulsionaram seus respectivos volumes de vendas", segundo a consultoria 4E.

Três atividades tiveram queda no volume de vendas de outubro para novembro: tecidos, vestuário e calçados (-0,2%), combustíveis e lubrificantes (-0,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-4,7%). O setor de supermercados, alimentos, bebidas e fumo manteve em novembro o mesmo patamar de vendas do mês anterior.

A receita nominal do varejo também cresceu em todos os tipos de comparação: em relação a outubro (0,9%), na comparação com novembro de 2018 (4,9%), na média móvel trimestral (0,7%), no acumulado de janeiro a novembro (4,7%) e no acumulado de 12 meses (4,6%).

Para a 4E, apesar de ter jogado um balde de água fria sobre as estimativas mais otimistas do mercado, o consumo continua apresentando um avanço consistente com a recuperação da economia brasileira: lenta, mas constante no 2º semestre de 2019.

A expectativa para as próximas divulgações, segundo a consultoria, é de continuidade da dinâmica positiva para o setor varejista. "A liberação dos recursos do FGTS e do PIS/Pasep atrelados aos melhores fundamentos por parte do consumo tem favorecido o avanço das vendas no varejo", diz em nota.

Varejo ampliado

O varejo ampliado, que agrega os segmentos de veículos e materiais de construção aos oito segmentos do varejo, teve queda de 0,5% na passagem de outubro para novembro, devido ao recuo de 1% na atividade de veículos, motos, partes e peças. Os materiais de construção tiveram variação positiva de 0,1%.

Nos demais tipos de comparação, no entanto, o varejo ampliado teve altas: média móvel trimestral (0,4%), comparação com novembro de 2018 (3,8%), acumulado dos onze primeiros meses de 2019 (3,8%) e acumulado de 12 meses (3,6%).

A receita nominal caiu 0,3% na comparação com outubro, mas cresceu 0,5% na média móvel trimestral, 5,5% em relação a novembro de 2018, 6,3% no acumulado de janeiro a novembro de 2019 e 6,1% no acumulado de 12 meses.

(Com Agência Brasil)

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