Paulo Guedes: apesar do foco em medidas emergenciais durante a pandemia, a agenda de reformas não foi paralisada (Adriano Machado/Reuters)
André Martins
Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 14h09.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu que o Brasil "está deixando" o auxílio emergencial criado para proteger invisíveis durante a pandemia de covid-19 porque a economia brasileira está se recuperando em V e que o País está voltando à agenda de reformas estruturais. "Até o fim do ano vamos retirar o auxílio e vamos nos concentrar em entregar as vacinas", disse, durante discurso gravado na Conferência de Montreal, evento do Fórum Econômico Internacional das Américas.
Segundo Guedes, não dá para concluir que o País está em uma segunda onda de contaminação por covid-19 e acrescentou que muito em breve, o governo irá apresentar um plano de vacinação massiva da população."As pessoas estão voltando ao trabalho, a doença fez um retorno, mas não podemos falar em segunda onda", acrescentou, pontuando ainda que o governo está agora concentrado em prover vacinas à população.
O ministro voltou a citar que é provável que o ano termine com saldo zero no Cadastro de Geral de Empregados e Desempregados (Caged), após somar criação líquida de cerca 1 milhão de vagas formais de julho a outubro, recuperando parcialmente a perda de cerca 1,2 milhão de postos entre março e maio.
Ele também argumentou que a economia brasileira cresceu 7,7% no terceiro trimestre - após queda de 9,6% no segundo - e que a arrecadação já está na casa de dois dígitos.
Guedes também repetiu que, apesar do foco em medidas emergenciais durante a pandemia, a agenda de reformas não foi paralisada. O ministro voltou a citar a aprovação da autonomia do Banco Central no Senado, que, segundo ele, vai impedir que o aumento transitório de preços de alimentos se transforme em inflação generalizada. "Criamos um auxílio para as pessoas invisíveis durante a pandemia e elas gastam 100% disso", argumentou, referindo-se à maior demanda por alimentos e também por material de construção.
Segundo o ministro, a agenda de marcos regulatórios, como a lei do gás e do projeto que incentiva a navegação de cabotagem, deve continuar em 2021. "Essa recuperação cíclica vai se tornar em crescimento sustentável em 2021, baseado em investimentos. Vamos acelerar as privatizações e o investimento privado vai crescer. Estamos abrindo economia para investimento estrangeiro e recuperando internamente a dinâmica de crescimento."