Economia

Vamos isentar de IR quem ganha até cinco salários mínimos, diz Haddad

De acordo com o candidato, isso será viabilizado com o aumento da tributação sobre os muito ricos, como a cobrança de impostos sobre dividendos

Fernando Haddad: "Queremos voltar a tributar dividendos para isentar os que vivem do trabalho" (Bloomberg/Bloomberg)

Fernando Haddad: "Queremos voltar a tributar dividendos para isentar os que vivem do trabalho" (Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 18h16.

Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 19h25.

Brasília - Candidato à vice na chapa do PT para a Presidência da República, Fernando Haddad propôs isentar a cobrança de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos (R$ 4.770). De acordo com o candidato, isso será viabilizado com o aumento da tributação sobre os muito ricos, como, por exemplo, a cobrança de impostos sobre dividendos. "Queremos voltar a tributar dividendos para isentar os que vivem do trabalho", afirmou em sabatina promovida, nesta terça-feira, 14, pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS), em Brasília.

Atualmente, a isenção de IR é apenas para renda inferior a R$ 1.903 por mês. Ele disse ainda que, sem a reforma tributária e um choque de crédito, o País "não irá muito longe". Haddad reforçou que sua proposta é que a tributação para o sistema bancário seja progressiva, maior de acordo com o spread cobrado, o que vai induzir as instituições financeiras a baixarem juros.

"Os empresários da produção foram os que se insurgiram contra taxas abusivas dos bancos", afirmou, lembrando Antônio Ermírio de Moraes e o ex-vice presidente José de Alencar, críticos dos juros altos.

Questionado sobre suas propostas para o urbanismo, o ex-prefeito de São Paulo lembrou o Plano Diretor da cidade e disse que é preciso induzir o adensamento das cidades onde já existe infraestrutura, com a reserva de espaços nessas áreas para a população de baixa renda. "Hoje é perfeitamente possível comprar apartamentos em áreas nobres de SP por R$ 200 mil. Isso não existia antes do plano diretor", afirmou.

Previdência

Haddad disse ainda que a proposta do partido é fazer uma reforma da Previdência que comece pelo regime próprio, que abarca servidores federais. Questionado sobre a proposta apresentada pelo candidato Ciro Gomes (PDT) de fazer um plebiscito para a reforma, ele disse preferir que seja feito um referendum, em que o projeto seja discutido e apresentado à opinião da população.

Ele afirmou que o presidente Michel Temer fez "uma grande confusão" ao reunir, em um mesmo projeto de reforma da Previdência, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o regime próprio e o regime geral de aposentadorias. "Não é possível fazer uma reforma da Previdência com essa abrangência no Brasil. Vamos começar pelo começo e abrir a discussão da Previdência pelo regime próprio", afirmou.

O candidato aproveitou para alfinetar o concorrente Geraldo Alckmin (PSDB) e disse não ver diferença entre a agenda econômica do tucano e do atual governo. "Acho corajoso da parte do Alckmin dizer que vai continuar as reformas de Temer", completou.

Crime organizado

O vice do PT na chapa à Presidência defendeu também que a Polícia Federal assuma o trabalho de combate ao crime organizado no Brasil. A proposta, que integra o programa de governo do partido, busca "chamar a responsabilidade" para o ente federal e liberar forças de segurança para se concentrar no trabalho de defesa da vida.

"Nós vamos chamar a responsabilidade federal para combate ao crime organizado em ciclo completo. Passou da fronteira, distribuiu a mercadoria, continua sendo assunto federal. A Polícia Federal vai fazer o ciclo completo (de combate ao crime organizado), de A a Z. É impossível o governador combater o PCC sozinho", disse. Com essa iniciativa de chamar a responsabilidade para o federal, liberamos as forças de segurança pra atuar em defesa da vida", disse.

Haddad criticou o governo Michel Temer por abandonar a implementação do programa de monitoramento de fronteiras, o chamado Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). O petista relatou pedido do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para que a campanha petista dê algum tipo de prioridade para o assunto.

"Eu tive oportunidade de conversar com comandante das Forças Armadas e, para minha surpresa, o governo atual postergou pra 2035 a conclusão do SISFRON. É um projeto da maior importância, de alta tecnologia pra garantir proteção nas fronteiras. Esse programa se paga, é uma economia que é imprópria. Se paga porque você tem ganhos tributários mediatos", disse. "O governo passa a régua sem nenhuma análise do quanto vai custar não fazer o programa", complementou.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Fernando HaddadImposto de Renda 2020PT – Partido dos TrabalhadoresSalário mínimo

Mais de Economia

Brasil é 'referência mundial' em regulação financeira, diz organizador de evento paralelo do G20

Governo teme “efeito cascata” no funcionalismo se Congresso aprovar PEC do BC

Banco Central estabelece regras para reuniões com agentes do mercado financeiro

Produção industrial sobe 4,1% em junho, maior alta desde julho de 2020

Mais na Exame