Economia

Usinas chinesas enfrentam fechamentos, ameaçam mineradoras

Setor enfrentará série de fechamentos com desaceleração na demanda após décadas de expansão desenfreada


	Trabalhador corta barras em fábrica de aço na província de Jiangsu, China: lucros do setor caíram 98% no ano passado
 (China Daily/Reuters)

Trabalhador corta barras em fábrica de aço na província de Jiangsu, China: lucros do setor caíram 98% no ano passado (China Daily/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 09h16.

Pequim  - O setor siderúrgico chinês enfrentará nos próximos anos uma série de fechamentos de usinas, com desaceleração na demanda e décadas de expansão desenfreada finalmente alcançando a indústria, informou um executivo e delegado parlamentar da China.

Zhang Wuzong, presidente da Shandong Shiheng Special Steel Group e há 40 anos na indústria, afirmou em entrevista à Reuters que os problemas da China também devem afetar os grandes planos de expansão de mineradoras como Rio Tinto e BHP Billiton, que apostam seus futuros no crescimento sustentado da demanda chinesa.

Nenhuma siderúrgica ficará imune, com o futuro de usinas estatais deficitárias também em jogo, disse ele.

"O mercado chinês está com excesso de oferta", afirmou ele. "O governo sabe e nós sabemos. A sobrevivência do mais forte é a única maneira de resolver os problemas."

"Vai levar tempo, mas creio que muitas usinas privadas atrasadas serão fechadas. Eu também acredito que algumas estatais também serão eliminadas, incluindo alguns grandes nomes. Isso é uma certeza."

A China tem pelo menos 900 milhões de toneladas de capacidade de produção de aço bruto, volume muito maior que o número de produção oficial, de 716 milhões de toneladas em 2012. Os lucros do setor caíram 98 por cento no ano passado e muitas empresas registraram prejuízo.


O governo informou neste ano que vai implementar novas políticas para encorajar fusões e fechamento de usinas obsoletas, com o objetivo de deixar 60 por cento da capacidade total sob controle de suas 10 maiores empresas até 2015.

"O apoio do governo está extremamente limitado. Não é como antes quando o governo podia encontrar dinheiro para ajudar uma companhia que enfrentava uma situação de falência. Eles simplemente não podem fazer mais isso. Eles precisam deixar as empresas morrerem", disse Zhang.

Com a demanda por aço já desacelerando e o crescimento de 2013 provavelmente ficando abaixo dos 3,1 por cento de 2012, as grandes mineradoras internacionais estão erradas em apostar seu futuro na China e podem também enfrentar grandes perdas, disse o executivo.

"A China guiou o crescimento da Rio Tinto e da BHP, mas agora elas são muito dependentes da demanda chinesa, que não pode continuar crescendo no mesmo ritmo de antes."

A Rio Tinto espera que a produção de aço da China atinja um pico de 1 bilhão de toneladas por ano por volta de 2030. Rio, BHP e Vale planejam aumentar sua produção total de minério de ferro em cerca de 60 por cento, para mais de 1 bilhão de toneladas por ano, nos próximos três anos.

Quando Zhang entrou no mercado de aço em 1976, a capacidade total de produção do país era de cerca de 30 milhões de toneladas, disse ele, e agora é 30 vezes maior. Qualquer expansão adicional é impossível.

"É simplesmente insustentável, a demanda não vai subir tanto. A energia e a infraestrutura da China não podem suportar isso."

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